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Radio Viseu Cidade Viriato

quinta-feira, 5 de abril de 2007

A Lusitania Romana

Primeira Guerra Púnica
Após a Primeira Guerra Púnica ( 264-241 AC ), os Cartagineses decidiram conquistar a Península Ibérica . Mas o seu domínio , aliás incompleto no quadro geográfico hispânico, foi efémero. Com a Segunda Guerra Púnica ( 218 - 201 AC ) Roma dominou as costas este e sul da península, e os povos célticos que tinham sido absorvidos pela população indígena ocuparam o oeste.
Uma federação céltica, a Lusitania, resistiu à penetração romana sob o brilhante comando de Viriato. Depois do seu assassinato ( cerca 140 AC ), Decius Junius Brutus pôde marchar para o norte, através do centro de Portugal, atravessou o rio Douro e subjugou a Galiza. Julio César governou o território por um tempo.

Resistência Lusitana - Campanhas de Viriato contra os romanos
Em 147 AC opôe-se à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis , na Turdetânia. Derrota os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, fazendo nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo sido morto o próprio Vetílio.
Seguidamente os lusitanos destroçam as tropas de Cayo Pláucio, tomando Segóbriga e as de Cláudio Unimano, que em 146 AC era o governador da Hispânia Citerior. Em 145 AC os lusitanos voltam a derrotar as tropas romanas de Caio Nígidio.

Em 145 AC Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião "O Africano" é nomeado cônsul na Hispania Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiões. Ao princípio tem algum êxito mas Viriato recupera e em 143-142 AC volta a derrotar os romanos em Baecula e obriga-os a refugiar-se em Córdova.

Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 AC com a queda de Numância.

Em 140 AC Viriato derrota o novo cônsul Fábio Máximo Servilliano, matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo, mas deixou Servilliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontrava, em troca de promessas e garantias de os Lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma esse tratado de paz foi depois considerado humilhante e vexatório e o Senado romano volta atrás, e declara-lhe guerra.


Viriato tinha agora um exército desfalcado e fatigado das lutas. Apagava-se a sua estrela. O novo governador Quinto Servílio Cipião reforçado com tropas de Popílio Lenas, dispunha de forças muito superiores. Viriato foi compelido a pedir a paz, tendo que entregar aos romanos os principais revoltosos, entre os quais se encontrava Astolpas, o seu próprio sogro.

Teve que entregar também muitos outros, aos quais os romanos cortaram as mãos, costume lusitano, que os romanos não desdenhavam adoptar noutras ocasiões. Enviou a Servílio três emissários, Audax, Ditalkon e Minuros, que Viriato considerava dos seus melhores amigos.

Estes foram subornados por Servílio que lhes prometeu honras e dinheiro em troca do assassinato do seu chefe. Estes assim procederam, e o glorioso caudilho foi por eles morto quando se encontrava a dormir na sua tenda.


Sertório
Quinto Sertório mal sucedido como pretor da Hispânia Citerior, cargo que assumiu em 83 AC, refugiou-se na Mauritânia, A convite dos lusitanos regressa à Península Ibérica em 80 AC para os comandar.
Obteve várias vitórias sobre os romanos, mas mesmo contando com com as forças de Perpena e com o apoio de Mítridades, rei de Ponto, Sertório começou a perder terreno quando os generais romanos adoptaram novas estratégias de luta. Considerado o primeiro organizador dos povos hispânicos, morreu assassinado durante um banquete, em Osca, por oficiais liderados por Perpena.
Octavio César Augusto
No ano 25 AC , governando já Augusto, a conquista da Hispânia ( Península Ibérica ) pelos romanos, estava terminada. A Hispânia foi dividida em três Províncias; Bética, Hispânia Citerior ou Tarraconense, e Lusitânia. O actual território português cabia dentro da Tarraconense até ao rio Douro. Para Sul, entrava nos limites da Lusitânia.



Augusto mandou edificar Augusta Emerita ( Mérida ) e tornou-a capital da Lusitania. A Galiza ao Norte do Douro, tornou-se uma província separada sobe os Antoninos. Nos tempos Romanos a região de Beja e Évora foram um farto celeiro de trigo.
O vale do Tejo foi famoso pelos seus cavalos e quintas, e havia minas importantes no Alentejo. Ruínas romanas notáveis incluem o "Templo de Diana" em Évora e a cidade de Conimbriga (Condeixa-a-Nova ).

Augusto

Augusta Emerita ( Mérida ) - Capital da Lusitânia

A data provável da fundação da Colónia Augusta Emerita, capital da Lusitânia, é 25 A.C. , depois da conquista de Lancia pelos exércitos romanos na guerra travada contra "cântabros e astures". Foi fundada pelo legado imperial Publio Carisio, por ordem de Augusto, para assentar os legionarios veteranos “veterani legionari”.

Augusta Emerita era era um enclave estratégico, junto do rio Anas e que punha em comunicação a província da Bética com as do noroeste peninsular e as terras da franja mais meridional da Hispania com o Oeste ( Olisipo ). A nova colónia organizou-se seguindo os parâmetros romanos de planificação urbana, organização territorial e administrativa, donde se desenvolveu a romanização do extenso território do ocidente peninsular.

Expansão máxima do Império Romano - Para fins judiciais a província da Lusitânia ( 16-15 A.C. )estava dividida em três unidades mais pequenas, chamadas "conventus". Pacensis (da sua capital Pax Julia) hoje Beja, Scallabitanus ( de Scallabis) hoje Santarém, e Emeritensis ( de Emerita, que era a capital de toda a província) hoje Mérida.

Comentário - As marcas dos seis séculos ( desde a chegada de Decimus Julius Brutus a Conimbriga em 139 A.C. e a sua destruição pelos suevos em 468 D.C. ) em que o território que hoje é Portugal, pertenceu às províncias romanas da Hispânia - Lusitânia ( do Douro até ao Algarve ) e Tarraconense, ( do Douro até ao Minho - são imensas.
Poderá no entanto dizer-se dizer-se que o vínculo administrativo da Lusitânia com Roma termina em 411 quando o imperador Honório, após um prolongado período de guerra civil, estabeleceu um pacto com os Alanos concedendo-lhes a Lusitânia. . Entre 415-417, os Alanos são expulsos pelos Visigodos que impõem o seu domínio no território da Lusitânia a sul do Tejo

Desde o próprio nome do País - Portugal deriva de Portus Cale - Portucale .- à língua - o português actual deriva do latim vulgar falado pelos soldados e colonos romanos e do latim literário utilizado na administração - até às leis e organização administrativa e eclesiástica do país.

Também são inúmeras as ruínas de vilas, cidades, monumentos, aquedutos para abastecimento de água, fortificações, estradas e pontes romanas espalhadas por todo o Portugal. Algumas, como uma antiga cidade romana perto de Óbidos, já descrita por Plínio, só recentemente foram encontradas nas escavações para a construção de uma auto-estrada, quase na entrada do terceiro milénio


Esta cidade romana chamava-se Eburobrittium , e deve ter sido construída e ocupada entre os séculos I A.C. e V D.C. Foi descoberta em 1995 quando da construção da auto-estrada A8.

O próprio D. Afonso Henriques, mais de um milénio depois da chegada dos romanos, utilizou a antiga estrada romana e muçulmana que o levou com facilidade para o Sul, distante mais de 200 km do seu castelo de Leiria, até Ourique no Alentejo, no famoso fossado por terras muçulmanas, que ficou conhecido pela batalha de Ourique.



Podemos portanto dizer que Octávio César Augusto foi o primeiro Chefe de Estado - politicamente organizado - do território onde hoje é Portugal.


Desde Augusto e até D. Afonso Henriques, o território onde hoje é Portugal foi governado por cerca de:

58 Imperadores Romanos , 37 Reis Visigodos , 23 Príncipes Muçulmanos e 30 Reis de Leão e Castela. No total cerca de 148 governantes em perto de 1.200 anos. Como Nação independente Portugal tem só cerca de 850.

Lisboa, a capital de Portugal esteve debaixo do domínio romano 614 anos, desde 205 A.C. até 409 D.C. Júlio César deu-lhe a dignidade de de "mucipium" com o nome de Felicitas Julia. Em 409 D.C. foi conquistada pelos Alanos, que foram expulsos pelos Suevos e depois reconquistada pelos Visigodos.
O Cristianismo chegou à Lusitânia no século III e à Galiza somente no século IV onde os ensinamentos heréticos e ascéticos de Gaul Priscillian, bispo de origem belga, foram mais influentes e retardaram a sua penetração.


Proxima semana Barbaros e Muculmanos

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