Depois de se evadir da cadeia, em 2006, arranjou uma namorada em Coimbra, mas esta trocá-lo-ia por outro. Enciumado, raptou o sobrinho daquela mulher, para exigir o seu regresso. Anteontem, quarta-feira, regressou à prisão.
A detenção aconteceu em Castelo Branco. Quarta-feira de manhã, a PSP local avistou um automóvel cujas características coincidiam com as que o fugitivo andaria a utilizar, segundo as informações transmitidas pela Directoria do Centro da Polícia Judiciária (PJ). Alertada pela PSP, a PJ deslocou-se de imediato àquela cidade e esperou pelo regresso do suspeito ao carro. Chegou depois do almoço e trazia consigo uma pistola de calibre de 7,65 milímetros, municiada, mas os inspectores da PJ caíram-lhe em cima, sem dar tempo de reacção.
O suspeito, de 33 anos, aguarda pelo interrogatório de um juiz. Já não experimentava o sabor da reclusão há três anos, quando se evadiu da cadeia de Vale de Judeus, três anos de pena por cumprir, por tráfico de droga. Essa condição de evadido não o impediu de se instalar na zona de Coimbra, nem de arranjar namorada. Esta, porém, não aguentou a relação muito tempo. Acabou com o namoro e iniciou uma relação com outro homem e partiu com ele para a América do Sul.
Atacado por ciúmes, o evadido tentou várias vezes marcar um encontro com um universitário, sobrinho da ex-namorada e que mantinha com ela uma relação muito próxima. O rapaz, desconfiado, ia recusando, mas, perante a insistência, acabou por aceder. Foi ter com ele a um posto de combustível de Coimbra, numa noite do passado mês de Junho, e levou um amigo. Mas o ex-namorado da tia disse que conversaria com ele a sós e, com a ameaça de uma pistola, meteu-o num carro.
Andaram a circular pelas Beiras, Alentejo e Espanha, enquanto o raptor punha o universitário a falar com a tia ao telefone. Durante o telefonema, bateu no rapaz e avisou a ex-namorada de que o matava, se ela não regressasse a Portugal. A mulher prometeu regressar, logo que arranjasse avião.
Ao terceiro dia, em Alvaiázere, o raptor meteu-se por um terreno agrícola e obrigou a vítima a entrar numa fossa séptica, vazia. A fossa foi fechada com uma tampa de ferro, sobre a qual foram colocados blocos de cimento. Mas o rapaz encontrou um ferro, conseguiu levantar a tampa, e fugiu.
A PJ, avisada do rapto no primeiro dia, continuou a perseguição e foi detectando pistas da sua passagem pelos concelhos da Figueira da Foz, Coimbra e Castelo Branco. O arguido "não é parvo nenhum", observou uma fonte policial, e trocava de carro, telemóvel e identidade. Esta quarta-feira, contudo, a colaboração entre PJ e a PSP acabou bem.
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