Quando buscava respostas para o desaparecimento do pai, em Angola, antes da independência, em 1975, Leonor Figueiredo descobriu que o mesmo tinha acontecido a mais de 250 portugueses e que outras centenas passaram por prisões clandestinas.
Queria respostas e mergulhou num rol de informações tidas como classificadas. "Não foi fácil", diz. Muitos documentos estavam selados, outros eram de consulta proibida e outros já nem existiam. Mas Leonor Figueiredo persistiu e dois anos de investigação culminaram agora com a publicação do livro "Ficheiros secretos da descolonização de Angola", com a chancela da Aletheia Editores. Um livro ouvido na primeira pessoa, onde se salientam os relatos vivos daqueles que passaram por prisões clandestinas em Angola, durante a descolonização e também de familiares que nunca mais puderam abraçar um ente querido, desaparecido.
A autora e jornalista apresenta ainda um documento inédito, obtido através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde figuram 263 nomes de portugueses desaparecidos antes de Angola ser independente e outros 368 de portugueses raptados e presos durante esse período. "Como é que uma lista destas pode ser abafada durante tantos anos?", questiona, quem tentou chegar à fala com muitos daqueles que viveram encarcerados, presos pelo MPLA, mesmo antes de o país ser independente: "Muitos não conseguem falar do que se passou".
Leonor Figueiredo diz que o seu livro poderá ser a "ponta do iceberg" sobre um período da história contemporânea "muito mal contado". "Ainda há muitos ficheiros secretos para descobrir sobre a descolonização", afirma. Por isso, a investigação vai prosseguir, promete, até porque continua a buscar respostas para esclarecer o que terá, verdadeiramente, acontecido ao pai. E para isso pede ajuda a todos aqueles que quiserem partilhar as suas vivências naquele tempo e naquele lugar.
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