O oftalmologista Miguel Burnier Júnior, do Hospital Royal Victoria, em Montreal, é esperado amanhã, quarta-feira, em Santa Maria e deverá efectuar algum tipo de intervenção. "Não viria do Canadá só para analisar os casos", foi dito ontem.
O convite partiu do serviço de Oftalmologia do Hospital de Santa Maria (HSM) e Miguel Noel Nascentes Burnier Júnior, docente titular da especialidade na Universidade McGill, do Hospital Royal Victoria, chegará amanhã a Lisboa "para ajudar" a equipa clínica a tentar encontrar uma solução para os cinco doentes ainda internados.
O comunicado ontem emitido mencionava que o perito brasileiro - cuja área de investigação incide sobre a biologia molecular aplicada à fisiopatologia dos processos expansivos oculares - virá a Portugal "para apreciar com a equipa clínica do HSM a evolução" dos casos.
Ontem à tarde, fonte do gabinete de Imprensa disse que o especialista é esperado para fazer algo mais. "Não viria do Canadá apenas para analisar os exames". Até porque o médico já terá tido acesso - através de envio electrónico - à documentação relativa à situação clínica dos seis intervencionados a 17 de Julho.
A mesma fonte deu a entender que o médico poderá intervir nos três casos ainda com prognóstico reservado, em que os doentes continuam sem qualquer capacidade visual.
Há uma semana, o HSM revelou que dois dos seis doentes que ficaram cegos poderiam recuperar a visão, tendo três deles prognóstico reservado e um desfecho ainda incerto, por a situação clínica se ter agravado.
O Hospital tenciona estar dois dias sem prestar esclarecimentos, admitindo realizar depois de amanhã (dia 6) uma conferência de Imprensa, com a presença do especialista.
Ontem, teve alta médica a primeira paciente dos seis que dia 17 foram inoculados com o que deveria ser Avastin. Porque a doente pediu "sigilo absoluto", o HSM não revelou a sua identidade nem a que horas abandonou a unidade hospitalar.
O JN soube por um familiar de outro doente ter sido Maria José, a única paciente não diabética e que continuará a ser vigiada, devendo ser vista todos os dias em regime de ambulatório.
"A evolução clínica positiva registada nos últimos dias permitirá que hoje seja dada alta do internamento a uma das doentes", anunciava o relatório de ontem.
O comunicado de ontem adianta que esta foi uma das doentes intervencionadas no dia 25 de Julho e sobre a qual pende "a convicção de uma possível recuperação funcional".
"Se já sai é porque já existe uma situação muito favorável", reforçou depois o director do serviço de Oftalmologia, Monteiro Grilo.
Na passada quinta-feira, Maria das Dores Monteiro, de 53 anos, viúva, que tinha sido injectada nos dois olhos, foi a única paciente a comunicar aos jornalistas que tinha recuperado a visão.
Já Valter Bom, de 47 anos, que também foi operado a ambas as vistas, continua sem melhoras, segundo afirmou ontem a mulher, Goreti Lago Bom.
Américo Palhota e Maria Antónia Martins são outros dois doentes em estado clínico estacionário, além de um outro de 54 anos, cujo nome não foi divulgado.
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