Um banho de água a ferver provocou a morte de um menino de dois anos em Vagos. A mãe terá deixado a criança e uma irmã de oito anos sozinhas em casa e a vítima só foi assistida mais de uma hora depois do acidente. A PJ está a investigar
Os contornos ainda não são claros, mas a história é chocante. Filipe, de dois anos, acabou por falecer, anteontem, em Vagos, após ter sido queimado com água, quando se encontrava em casa com uma irmã de oito anos. Segundo um vizinho, que pediu o anonimato, mas que falou com a irmã da vítima pouco depois da tragédia, Filipe terá ficado em casa com a irmã enquanto a mãe foi ao médico. "A menina contou-me que o irmão estava sujo e por isso lhe foi dar banho, mas que o retirou da água quando se apercebeu que esta estava escaldar". Os gritos do Filipe alertaram os vizinhos que bateram à porta e terão dito à menina "para não bater no irmão", sem imaginar o que se passava. Nesta versão, foi a mãe que alertou as autoridades, quando chegou a casa, muito depois.
A mãe das crianças conta outra história. Luísa Proença saiu ontem à rua, às 15.45 horas, para dizer que "estava em casa na hora da tragédia". "Disse à minha filha, 'a mãe vai pôr a roupa a lavar lá atrás, não deixes o menino ir para a banheira'. Quando começou aos gritos eu vi logo… mas já não consegui salvar o meu menino", conta. Segundo a mãe, terá sido o menino quem pegou no chuveiro e se molhou. "Só o consegui tirar da banheira queimadinho. Era meio-dia e pouco", assegura.
A chegada dos Bombeiros Voluntários de Vagos (BVV), que foram alertados pelo 112, aconteceu apenas às 13.30 horas. "Pedi ao meu companheiro para ligar para os bombeiros porque eu não tinha saldo. Estava nervosa, não sabia o que fazer", diz, tentando justificar a demora superior a uma hora.
Filipe não resistiu aos ferimentos. Sabe que tinha 90% do corpo queimado. Foi levado pelos BVV até à entrada da A17, onde os médicos do INEM tomaram conta da situação. Estava em paragem cardiorrespiratória e, apesar das manobras de reanimação, acabou por morrer. O óbito foi confirmado no hospital de Aveiro
Luísa mudou-se com os dois filhos mais novos (tem cinco no total), de Oliveirinha para Vagos, há poucos meses. Já estaria a ser acompanhada pelos serviços da Segurança Social de Aveiro.
Maria Freitas, que até há poucas semanas tomou conta do Filipe, mostrava-se consternada. "As crianças andavam sempre com falta de higiene. A menina tinha que fazer muitos trabalhos lá em casa, senão 'levava porrada'. Numa ocasião vim trazer o Filipe e encontrei a filha à porta de casa, cerca das 21 horas, a chorar com frio", descreve, revoltada. "É uma mãe muito despreocupada, deixava muitas vezes as crianças sozinhas e a chorar. Às vezes vinha com compras do supermercado e o menino ficava para trás a chorar, junto à EN 109. Só quase meia hora depois o ia buscar", acrescenta outra moradora, garantindo que algumas pessoas "denunciaram" as situações à Segurança Social. não conseguiu confrontar Luísa Proença sobre estas críticas porque a mãe da vítima foi retirada bruscamente da presença dos jornalistas por uma familiar.
A PJ deu, ontem, início às investigações e já ouviu vizinhos de Luísa Proença.
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