Desde há dez anos vem aumentando em Portugal o número de pessoas vacinadas contra a gripe. Apesar de no ano passado terem sobrado mais de 250 mil doses, a reserva para a próxima época mantém-se num milhão e 600 mil.
A vacina contra a gripe sazonal, aquela que se instala entre Outubro e Abril e cujas características tem ligeiras variações em relação a anos anteriores, vai chegar na época de sempre. As autoridades de saúde afirmam que ela deve ser tomada pelas pessoas que se inscrevem nos grupos de risco (idosos e doentes crónicos, entre outros). E que o facto de uma nova gripe, a pandémica, estar também a chegar não desaconselha, pelo contrário, a sua toma. Ou seja, sobretudo os grupos de risco deverão vir a ser vacinados contra a gripe sazonal e também contra a nova gripe. Esta última esta já em testes.
Segundo Mário Carreira, médico de Saúde Pública e assessor do director-geral de Saúde, ainda é desconhecido se as duas vacinas podem ou não ser tomadas no mesmo dia.
Cabe todos os anos aos governos indicar um cálculo das necessidades em vacinas aos produtores. Estes não têm capacidade para garantir uma cobertura de toda a população mundial que carece de prevenção, mesmo só os de todos quantos a possam pagar. Isto deve--se ao facto, lembra Mário Carreira, de se recorrer à técnica de incubação de ovos de galinhas criadas em total assépsia (higiene total contra contaminações possíveis).
No que se refere à gripe "normal" da época passada, um inquérito da Comissão Especializada de Vacinas da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) indica que o mercado português receberá este ano cerca de um milhão e 600 mil unidades.
Desta quantidade, ficaram sem venda quase 263 mil. Estas sobras poderão ser explicadas, de acordo com Mário Carreira, por esquecimento ou desleixo dos potenciais beneficiários ou ainda pela não-insistência dos médicos assistentes. Uma questão de iniciativa, apenas.
A faixa etária menos vacinada é a das crianças e adolescentes (5,7%). Na verdade, a Direcção-Geral de Saúde não inclui este grupo nas suas recomendações. Apenas serão justificadas vacinas se houver alguma doença crónica que possa ser agravada pela gripe. É isso que acontece em relação também aos adultos. As pessoas com mais de 65 anos têm recomendação generalizada para a imunização anual, mesmo que não tenham doenças crónicas, como problemas respiratórios e cardíacos ou ainda a diabetes.
Ainda estão por conhecer todas as linhas de recomendação das futuras vacinas contra a nova gripe no que se refere à cobertura da população infantil e juvenil. Até agora, as autoridades de saúde têm afirmado que para os grupos mais jovens só será recomendável caso haja outros problemas de saúde. E o facto de a nova variante do vírus A(H1N1) atingir sobretudo gente jovem não irá mudar muito este critério. Até porque, mais tarde ou mais cedo, as pessoas nascidas depois da década de 50 do século passado, ainda que estejam mais vulneráveis que as outras, terão alguma vez de "conviver" com o vírus. A OMS calcula que um terço da humanidade irá ser contagiada. Muitos dos que não tiverem a nova gripe na próxima época, tê-la-ão na de 2010-2011.
As duas gripes circulam em simultâneo e, quando elas se impuserem mais com a chegada do frio, vai ser difícil dizer qual é a culpada.
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