As duas mulheres detidas anteontem, sábado, pela PJ, por supostamente terem enganado milhares de pessoas com falsos empregos, estão a ser investigadas por burlas em série com artigos de decoração, também no Porto.
O caso foi noticiado em Setembro de 2008, quando começaram a surgir as primeiras queixas contra uma "engenheira", de Mogadouro, e uma mulher que a acompanhava. Vários comerciantes da área da decoração, do Porto e de Gaia, dizem ter sido burlados pelas mulheres.
Setembro é também o mês apontado pela Polícia Judiciária (PJ) para o início de actividade da firma "Moredo Prestige", na Rua de Santa Catarina, no Porto, através da qual milhares de pessoas terão sido enganadas com a promessa de colocação em empregos no estrangeiro, sobretudo em Angola. À frente da "Moredo" estaria a mesma "engenheira", que passou a ser "empresária" e a mesma amiga, agora "solicitadora" e "mandatária com poderes de representação da firma", que fechou em Março último, depois de protestos dos lesados à porta.
A mudança de ramo coincidirá com a forma de actuação das suspeitas. Logo que um esquema era descoberto e as pessoas começavam a queixar-se, as mulheres mudavam de "negócio" e de local. Outras situações semelhantes estão a ser investigadas, envolvendo as mesmas suspeitas que, recorde-se, foram detidas pela PJ e libertadas por um juiz de instrução criminal, mediante proposta do Ministério Público, sujeitas apenas a apresentações periódicas e sem terem sido sequer obrigadas ao pagamento de qualquer caução.
A história que enganou vários comerciantes de artigos de decoração nem era muito convincente. Mas uma lojista lesada na ocasião, que "a engenheira era bem falante" e "metia as pessoas no coração". A mulher começava por dizer que tinha uma fortuna num banco suíço, mas problemas burocráticos atrasavam uma transferência de 150 mil euros.
Ora acontecia que a "engenheira" queria fazer, com urgência, uma grande obra de decoração e não tinha disponível a totalidade do dinheiro necessário. Ainda assim, como prova de boa-fé, adiantava uma quantia em dinheiro. Conquistada a confiança dos comerciantes, passava a pagar em cheques pré-datados compras avultadas.
Apenas uma das vítimas terá sido lesada em 32 mil euros. Obviamente que o dinheiro da Suíça nunca chegava. Os artigos eram revendidos e as mulheres ficavam com o dinheiro.
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