Acidentes mortais ocorrem com pequenas embarcações, mais frágeis às investidas do mar. Equipamentos, como vestuário, são caros e há falta de investimento na segurança.
As condições meteorológicas, o estado do mar, o tipo de embarcação e o vestuário utilizado na pesca condicionam a actividade e são factores importantes na prevenção dos acidentes. Este ano já morreram onze pescadores em Portugal. As baixas condições económicas dos pescadores, que não podem deixar de ir à faina mesmo nesta altura do ano de clima adverso, e alguma negligência na sua segurança em detrimento da pescaria potenciam as mortes nos naufrágios.
Os acidentes no mar ocorridos desde o início do ano não deixam dúvidas. Quase sempre ocorreram com embarcações de pequenas dimensões e em alguns casos em zonas de rebentação, não muito longe da costa. Em muitos casos, os barcos têm sobrelotação. Só em Viana do Castelo, entre o porto de pesca e o portinho de Castelo de Neiva, aquela capitania contabiliza, actualmente, 176 pequenas embarcações de pesca, idênticas às envolvidas nos últimos três acidentes mortais no Minho. O comprimento varia entre os seis e os nove metros, mas o facto de serem de pequenas dimensões e de boca aberta revela a fragilidade deste trabalho. "Estão mais sujeitos às condições do mar, sem dúvida. Se algo acontecer, naturalmente, à partida, terão menos tempo para reagir. Por exemplo, a um golpe de mar", aponta Vítor dos Santos.
Nos dois portos de Viana, a actividade empregará mais de 400 pescadores (por lei, em cada embarcação devem seguir pelo menos dois tripulantes, mas a média é de três). Irmãos, primos, tios e sobrinhos, a actividade envolve toda uma comunidade e família. "Todos os dias vão para o mar, tentar a sua sorte. Mas deviam sair com alguma consciência da importância de medidas de segurança preventivas e não preocuparem-se em ter certos equipamentos, como de sinalização, bem guardados apenas numa caixa", lamentou o comandante. António Macedo, do Sindicato dos Pescadores da Zona Norte, é da opinião que os homens do mar "só não investem mais na sua segurança porque não têm dinheiro".
Aquele responsável relembra que há quatro anos, a Propeixe, uma cooperativa de produtores de peixe, apresentou aos seus associados um fato de pesca flutuante, mais maleável e com um dispositivo insuflável na zona do peito que poderia ser custeado em parte por fundos comunitários, cabendo à cooperativa cobrir o montante restante. A ideia acabou por não ter concretização e, apesar de a legislação em vigor estabelecer um mínimo de regras de segurança, a verdade é que cada pescador sai ao mar com "com a roupa com que se sente bem". Tudo depende da dimensão da embarcação mas o usual é ter botas de borracha, luvas e um fato oleado.
Apesar de ser aconselhável vestir roupa leve para que, no caso de cair à água, o vestuário não interferir com a necessidade de nadar, a verdade é que, nesta altura do ano, os pescadores sob o fato levam quatro e cinco camisolas. Outra prática pouco recomendável é que as botas e o fato não estejam incorporados. Há quem use botas idênticas às utilizadas na construção civil mas nessas, apesar do conforto, a água entra com facilidade. Alguns profissionais utilizam já fatos de mergulho.
Diário de Noticias
Sem comentários:
Enviar um comentário