Disparar dos números preocupa Direcção-Geral da Saúde, que está a estudar o reforço da vacinação nos jovens adultos
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) está a estudar a vacinação de jovens adultos contra a tosse convulsa devido ao aumento dos casos em crianças. Foram notificados 69 casos em 200 8, o triplo do ano anterior, revela o último relatório das Doenças de Notificação Obrigatória. Nos bebés, a doença que praticamente tinha desaparecido, pode provocar complicações como dificuldades respiratórias e pneumonias, que podem ser fatais.
Graça Freitas, subdirectora-geral da Saúde, disse ao DN que "a DGS está a avaliar se será necessário fazer uma dose de reforço da vacina perante o aumento de casos. O objectivo é dar uma pequena dose só para aumentar a imunidade fazendo disparar o número de anticorpos - e evitar que haja contágio em crianças. Mas isso tem de ser feito antes de os jovens serem pais, entre os 18 e os 20 anos".
O aumento da doença nas crianças deve-se, provavelmente, à transmissão por adultos, muitas vezes os próprios pais, "que têm formas ligeiras da doença, como tosse seca e de pouca intensidade, mas não suficientemente notórias porque ainda têm alguma protecção contra a doença".
Anteriormente, os casos da doença eram mais reduzidos "porque não havia ninguém para a transmitir", explica. "Sabemos agora que a vacina perde efeito após quase duas décadas. Por isso, havia alguns adultos que tinham formas ligeiras de tosse convulsa. Isso só começou a verificar-se quando apareceram crianças doentes. Depois, quando analisávamos os adultos em contacto com a criança é que percebíamos que eram a origem", conta Graça Freitas.
A DGS planeia avaliar o reforço das doses ainda este ano, por isso a vacina não será já incluída no plano de vacinação. "Temos de fazer um estudo para avaliar qual o número de crianças afectadas e a forma de transmissão. Depois, veremos se se justifica fazer a vacinação", explica. Se assim for, a DGS fará uma proposta que o Ministério da Saúde "terá de aprovar". A fase seguinte será englobar esta vacina no concurso anual.
A situação não é inédita. Já com a difteria se chegou à conclusão que os adultos deviam receber um reforço, numa dose mais reduzida, que é administrada em simultâneo com a vacina do tétano, ou seja, de dez em dez anos. É possível que o reforço da vacina da tosse convulsa "venha a ser administrado juntamente com estas", diz Graça Freitas.
Para haver transmissão da infecção, uma pessoa tem de estar infectada com a bactéria Bordetella pertussis e depois transmiti-la através de secreções respiratórias, nomeadamente quando tosse. Graça Freitas refere que é preciso haver a conjugação de dois factores para que uma criança seja contaminada: "Primeiro tem de haver um adulto infectado, seja porque perdeu parte da imunidade ou porque não foi vacinado. Depois, é preciso que haja o azar de contactar com uma criança pequena que ainda não tenha recebido a vacina."
Habitualmente, aos seis meses um bebé já recebeu as três doses necessárias para estar minimamente protegido, mas há risco de ser contagiado até lá.
É precisamente este o cenário que tem determinado o aparecimento de casos, o que é comum a muitos países. Por isso mesmo, "já houve países a tomar a decisão de fazer doses de reforço em jovens", conclui a responsável.
Diário Regional
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