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quinta-feira, 4 de março de 2010

Exames para cancro e coração adiados...

Exames para cancro e coração adiados

Substância essencial à medicina nuclear coloca milhões de exames em risco. Portugal tem atrasos de semanas.

Várias clínicas e hospitais portugueses estão a adiar exames de diagnóstico em cardiologia e oncologia perante a escassez mundial de uma matéria-prima essencial à sua realização. Em causa está a paragem de um dos dois maiores reactores nucleares mundiais, que produzem molibdénio, elemento essencial aos exames. Luís Oliveira, especialista em medicina nuclear, disse ao DN que "há exames a adiados por semanas e o receio de que haja uma interrupção da sua realização".

O especialista da clínica Quadrantes frisa que "as próximas semanas serão as mais difíceis. Há sempre uma percentagem de casos que temos de adiar. Para já, não está a ser afectada a realização de exames urgentes, mas os outros e os de rotina, estão a registar atrasos de mais de duas semanas".

Já Gracinda Costa, directora do serviço de medicina nuclear dos Hospitais Universitários de Coimbra (HUC) admite que já houve alturas em que "não foi possível realizar exames urgentes por falta de tecnécio, o radiofármaco produzido a partir de molibdénio. Não são frequentes, mas aconteceram, embora ultimamente nem tanto". Um exemplo foi o da cintigrafia pulmonar de ventilação/perfusão, exame que permite diagnosticar tromboembolismos pulmonares. "São situações agudas e urgentes, podendo até ser fatais. Já tivemos de as recusar porque não tínhamos estes isótopos [moléculas]", alerta, embora se tente sempre reservar algum tecnécio para as urgências.

No caso dos HUC, com uma urgência de 24 horas e um serviço de medicina nuclear, o fornecimento nem é feito pelo reactor nuclear holandês, mas por um de França, "que tem conseguido dosear a matéria-prima", refere.

Nos últimos meses, porém, as reduções "do fornecimento têm sido anunciadas semanalmente", o que tem levado a um corte proporcional a todos os países. "Por isso, temos de adiar alguns exames, por vezes até três semanas, e geri-los mediante as consultas".

Já Pedroso Lima, do colégio da especialidade da Ordem dos Médicos, diz que a escassez obriga à reorganização: "Nestes casos devemos tentar marcar o mesmo tipo de exames - ao mesmo órgão - no mesmo dia, para aproveitar ao máximo as moléculas. É normal que a lista da espera suba em exames mais procurados".

A situação não é nova. Aliás, a tendência é para que seja cada vez mais frequente em todo o mundo, "porque os reactores nucleares que existem são muito antigos e têm problemas regulares", admite Gracinda Costa.

A 19 de Fevereiro parou para manutenção o reactor da Holanda, que produz cerca de 30% dos isótopos radioactivos do mundo, usados em mais de 80% dos exames de diagnóstico de medicina nuclear. A esta paragem, que deverá durar meio ano, irá juntar-se em Abril a do reactor canadiano que parou no ano passado. Este é o maior produtor mundial, com 45% da capacidade. Receia-se, porém, que esta paragem seja definitiva desta vez, o que iria gerar graves problemas de fornecimento.

Luís Oliveira, da clínica Quadrantes, refere que as repercussões actuais "são idênticas às do ano passado, quando parou o maior reactor". A juntar-se esta paralisação, a situação só pode piorar. "Todos os equipamentos estão em final de vida. Por isso, é preciso equacionar a existência de mais um ou dois. Houve um projecto para um novo, mas parou por falta de financiamento", diz. Milhões de exames em todo o mundo dependem agora de uma decisão.

Diário de Noticias

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