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sexta-feira, 5 de março de 2010

15% de Cahora Bassa à venda...

15% de Cahora Bassa à venda

Governo disposto a alienar parte da barragem hidroeléctrica a empresas portuguesas, garante José Sócrates.

José Sócrates visita hoje a central hidroeléctrica de Cahora Bassa, em Moçambique, no momento em que deu luz verde para a venda dos 15% do capital da empresa que ainda estão na mão do Estado português, apurou o DN. Porém, se os jornais moçambicanos noticiam o interesse do país na aquisição dessa quota, a ideia do Governo é diferente: a alienação é possível, sim (e ficou prevista no acordo de alienação dos restantes 85% em 2006), mas será feita a empresas portuguesas que possam estar interessadas. Como a EDP, REN ou a Visabeira. Para que o negócio possa avançar, há uma condição prévia: que o Estado de Moçambique não se oponha ao negócio - para não prejudicar as relações entre os dois países.

Para já, o negócio está em avaliação. Sócrates e Teixeira dos Santos, de resto, querem sempre que o Estado português mantenha uma pequena participação, simbólica, na empresa. Mas não consideram necessário manter intacta a quota actual. Ainda sem contas feitas ao certo, a verdade é que o negócio pode render mais de 200 milhões ao Estado.

A visita de Sócrates a Moçambique, de resto, faz-se muito de negócios e investimento. Peça-chave foi a formalização, ontem à tarde, do Banco Luso-Moçambicano de Fomento, com capital inicial de 400 milhões de euros, onde a Caixa Geral de Depósitos é parceira central. Faria de Oliveira, presidente da CGD, justificou o investimento com o projecto (apoio a grandes obras em Moçambique), mas sobretudo com a pré-condição estabelecida: que para qualquer desses investimentos a aprovar haverá sempre uma empresa portuguesa envolvida. Um negócio de proveito mútuo, disse José Sócrates na cerimónia.

Mas se Armando Guebuza, Presidente moçambicano, dá prioridade "às infra-estruturas", o primeiro-ministro português quer aproveitar a visita oficial para "vender" o negócio das energias renováveis em Maputo. Ontem, quando assinou protocolos no palácio presidencial, Sócrates explicou: "Portugal fez um longo caminho nesse domínio. E hoje fabricamos tudo o que é necessário para desenvolver essas tecnologias."

Esse encontro com Guebuza foi o ponto alto da agenda. E teve direito até a "inconfidências" involuntárias. É que no encontro entre os governantes, à porta fechada, ninguém se lembrou de desligar os microfones: "Desde há quatro anos, já passámos por muito", dizia Sócrates.

Diário de Noticias

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