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Radio Viseu Cidade Viriato

segunda-feira, 1 de março de 2010

Jovem quis perder peso e morre após lipoaspiração...

A jovem que morreu após uma lipoaspiração, há dois anos, numa clínica privada de Faro sofreu durante quase 48 horas. Teve dores, tonturas, vómitos e não conseguia manter-se de pé. MP acusa médico responsável pela cirurgia de homicídio com negligência grosseira.

Coágulos de sangue entupiram as artérias pulmonares e do coração e provocaram a morte, por tromboembolismo, a Fátima Santos, de 25 anos. A jovem apenas queria perder peso e eliminar a gordura que dizia ter a mais.

Agora, o Ministério Público (MP) acusa o médico responsável pela cirurgia de um crime de homicídio com negligência grosseira, por acreditar que a morte poderia ter sido evitada. V. S., especialista em rins, deveria ter percebido a gravidade dos sintomas que a jovem teve na fase pós-operatória, encaminhando-a para o hospital. O processo está em fase de instrução.

Fátima Santos foi sujeita a uma lipoaspiração, no dia 12 de Janeiro de 2008, na clínica Estéticalgarve, onde o arguido ainda exerce funções. Na primeira (e única) consulta, ambos acordaram que a cirurgia à zona abdominal e dorsal seria feita com anestesia local e que custaria 900 euros. Dois dias depois, poderia retomar a sua vida normal e voltar a trabalhar, prometeu o médico. No dia marcado, na clínica, a jovem foi medicada com um ansiolítico e um sedativo, tendo a intervenção começado às 13 horas. A assisti-lo, V. S. tinha uma quiromassagista.

Ao fim de quatro horas, Fátima deixou a Estéticalgarve na companhia do namorado. Foram ambos para a casa onde viviam, na Fuzeta (Olhão). Tudo parecia aparentemente bem até que, à 1.00 hora da madrugada, surgiram os primeiros sintomas. Começou a sentir-se mal, com dores muito fortes, e a vomitar de hora a hora. Às 7 horas, o namorado enviou uma mensagem escrita para o telemóvel do arguido, informando que a rapariga não tinha conseguido dormir e não suportava as dores. Perguntava se seria melhor chamar uma ambulância. Minutos depois, recebeu um telefonema do médico que, segundo a acusação, lhe disse que não havia necessidade de se deslocar ao hospital. Receitou medicamentos para travar os vómitos e as dores.

Às 9 horas, novo contacto telefónico. Fátima tinha tomado os fármacos prescritos, mas as dores continuavam insuportáveis. V. S. disse para tomar meio comprimido.

Como o cenário não se alterou, o rapaz procurou novamente a ajuda do médico. Resposta: deveria ficar sentada e tomar um complexo vitamínico. Às 14 horas, após mais um telefonema, o casal foi à Estéticalgarve. A jovem não conseguia andar sozinha. Foi-lhe prescrito um anti-inflamatório e um antibiótico. Fátima morreu às 4 horas da madrugada. Caiu inanimada na casa de banho. A autópsia revelou queimaduras de 1º, 2º e 3º graus na zona abdominal. Tinha, ainda, dois orifícios por onde escorria líquido.

O MP defende que V. S. tinha obrigação de saber que o agravamento do estado da jovem antevia um possível cenário de tromboembolismo - uma complicação associada à lipoaspiração - que poderia ter sido evitado se tivesse sido medicada ou encaminhada para o hospital. Acusa-o de ter actuado de forma imprudente e incorrecta.

Jornal de Noticias

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