Alguns dos principais patrões portugueses da comunicação social serão ouvidos esta semana. Ficar-se-á a saber se Sócrates fez ou não chantagem sobre a Sonae na OPA sobre a PT
A próxima semana poderá revelar--se decisiva para José Sócrates nas audições sobre "liberdade de expressão" que irão decorrer na Comissão Parlamentar de Ética. É certo que o primeiro-ministro não estará à espera de revelações incómodas por parte de Henrique Granadeiro e Zeinal Bava (respectivamente, chairman e presidente executivo da PT). Mas os deputados ouvirão também o agora vice--presidente da Ongoing José Eduardo Moniz, que na altura (primeiro semestre de 2009) também esteve dentro do negócio PT/TVI - aliás, fez comentários públicos elogiando-o, quando foi publicamente revelado (23 de Junho) e este poderá ter cartas na manga sobre até que ponto é que o Governo sabia ou não do negócio. Além, é claro, de deter informações sobre as alegadas pressões políticas de que foi alvo por causa do Jornal de Sexta, pressões, por exemplo, levadas a cabo por José Sócrates directamente junto da Prisa, o grupo espanhol proprietário da TVI.
Uma outra audição se poderá revelar central para a imagem pública de José Sócrates: a de Ângelo Paupério, presidente do grupo Sonaecom. O facto é que, em 17 de Fevereiro passado, o (agora) ex-director do Público (jornal da Sonaecom), José Manuel Fernandes, revelou ter tido indicações, de mais do que uma fonte, de que o grupo foi propositadamente prejudicado pelo Governo na OPA sobre a PT precisamente por fazer jornalismo incómodo para o primeiro--ministro (nomeadamente no caso da licenciatura).
Segundo o jornalista, à Sonaecom teria sido sugerido que nessa OPA poderia ter tido um tratamento mais favorável se, em troca, o tivessem afastado da direcção do Público. Fernandes contou ainda que, numa determinada ocasião, Sócrates sugestionou directamente Paupério para o afastar de director do Público, furioso que estava com uma foto sua publicada na capa do jornal (benzendo-se na inauguração de uma escola).
Os deputados ouvirão ainda Joaquim Oliveira (presidente do grupo Controlinveste, dono do DN, TSF e JN), o qual , segundo as escutas do processo "Face Oculta", terá sido sugestionado por Armando Vara para evitar determinadas notícias no DN. É provável que também oiçam Manuel Polanco (Prisa) e Nuno Vasconcelos (Ongoing), mas essas audições ainda não foram agendadas.
Diário de Noticias
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