Os répteis gigantes não conseguiram sobreviver no mundo tenebroso em que se tornou a Terra após a grande colisão
Quando o Nobel da Física de 1968, o norte-americano Luis Walter Alvarez, e o seu filho geólogo Walter Alvarez propuseram em 1980 que os dinossauros (e com eles mais de metade das espécies do planeta) se teriam extinguido após a colisão de um meteorito com a Terra, há 65 milhões de anos, a ideia pareceu um pouco delirante. O meio científico da época encarou- -a como uma especulação interessante. Ontem, 41 cientistas de vários países confirmaram a tese na Science . As provas a favor da colisão de um asteróide com a Terra para explicar o fim dos dinossauros são esmagadoras.
Em 1980, os Alvarez possuíam indícios fortes, mas nenhuma prova. Pai e filho tinham descoberto níveis anormalmente elevados de irídio numa camada sedimentar com 65 milhões de anos, correspondente à época da grande extinção do final do Cretácico, e da transição para o Terciário.
Aquele elemento metálico é muito raro na Terra, mas vulgar em objectos oriundos do espaço, como os meteoritos. Os Alvarez juntaram dois e dois: e se a extinção em massa ocorrida nessa época tivesse sido causada por um impacto de um grande objecto vindo do espaço? Isso explicaria as quantidades anormais de irídio.
O problema é que não existia nenhuma cratera suficientemente grande que correspondesse a um tal acontecimento. Foram precisos mais onze anos para se encontrar essa enorme cicatriz na superfície do planeta.
A tese dos Alvarez ganhou novo fôlego quando Alan Hildebrand e Glen Penfield anunciaram em 1991 a descoberta de uma cratera com 200 quilómetros no Yucatán, no México: a cratera Chicxulub tinha exactamente 65 milhões de anos e a dimensão certa para ser a peça que faltava.
Não houve, no entanto, unanimidade sobre a teoria do meteorito e alguns cientistas defenderam uma tese distinta: a de que a grande extinção de há 65 milhões de anos ficou a dever-se a uma série de erupções vulcânicas ocorridas ao longo de 1,5 milhões de anos na região que é hoje a Índia. Essas erupções teriam produzido volumes de lava equivalentes a duas vezes o volume do mar Negro e provocado um arrefecimento da atmosfera e chuvas ácidas em grande escala.
Na avaliação que fizeram de todos os indícios disponíveis sobre a questão, com o objectivo de pôr fim à controvérsia, os peritos concluíram que não foram as erupções vulcânicas que mataram os dinossauros.
"Os dados observados e os modelos informáticos sugerem que a libertação de gases na atmosfera após cada erupção teria um efeito pouco durável no planeta e não poderia provocar os estragos suficientes para causar uma extinção em massa. Já o impacto no Yucatán seria suficiente para isso", escrevem os autores na Science.
Essa colisão do asteróide com a Terra teria provocado "incêndios em larga escala, sismos de magnitude superior a 10 na escala de Richter e tsunamis de grande dimensão", afirma a equipa. A projecção de grandes quantidades de material para a atmosfera terá mergulhado o planeta na escuridão e arrefecido a atmosfera, matando as espécies que não conseguiram adaptar-se. Entre elas, estavam os dinossauros.
Diário de Noticias
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