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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
REGIONAL - Distrito da Guarda - Bordadeiras enfeitam lenços de namorados à moda antiga ...
Duas bordadeiras de Aldeia do Bispo, no concelho da Guarda, continuam a bordar lenços de namorados, apesar deste acessório associado ao amor, que antigamente foi muito requisitado pelos apaixonados, ter caído em desuso na região.
Maria Helena Abrantes, 72 anos, e a irmã, Natália Abrantes, 81 anos, decidiram recuperar a arte que aprenderam na meninice com a mãe e com as tias, quando se reformaram e regressaram à terra natal.
Os lenços de namorados, que fazem a partir de panos de linho, continuam associados a compromissos de amor eterno, mas com o evoluir dos tempos e das mentalidades, dizem que já não são utilizados pelos jovens apaixonados como acontecia antigamente.
Maria Helena Abrantes contou que são mais procurados por maridos para oferecerem às esposas ou pelas esposas para presentearem os maridos “do que propriamente pelos namorados”.
A procura é mais notória quando os casais “fazem anos de casados” ou assinalam uma data marcante na vida a dois, observa Natália Abrantes.
Quanto aos mais novos, a artesã indica que “não ligam a estas coisas” porque, em matéria de namoro, “agora há muita liberdade. Até encontro que há liberdade a mais”.
Maria Helena Abrantes recordou ao Jornal A Guarda que, antigamente, quando o lenço dos namorados era tradição, servia para as raparigas proporem namoro aos rapazes: “A rapariga, quando estava com ideias num rapaz, bordava o lenço e oferecia-lho. Se o rapaz se servia com o lenço, então, ela podia ficar entusiasmada a pensar que aceitava namorar com ela. Se não aceitasse, era uma tristeza, porque era sinal de que ele não gostava dela”.
O artigo artesanal, que é vendido a partir de 40 euros, e que pode ser adquirido na Loja Coisas D‘Aqui, na Guarda, “demora muito a fazer”, assegura a bordadeira, garantindo que não consegue “fazer um lenço num dia” porque é adornado com “coisinhas muito miudinhas, muito pequeninas, tem muitas folhinhas, muita coisinha”.
Das mãos das duas mulheres, que iniciaram a actividade para terem “o tempo ocupado”, saem autênticas obras-primas, feitas com muita paciência e dedicação.
Nos panos de linho começam por “riscar” os desenhos (corações, flores, pássaros, barcos, etc.) e as letras dos versos, seguindo-se depois a execução do bordado, com linhas de várias cores.
Contam que, por vezes, quem faz a encomenda escolhe “os dizeres” mas na maior parte dos casos, os versos são da sua imaginação. “Dia dos namorados/dia de grandes paixões/para os grandes amores/é encontro de corações” e “É o penhor dos namorados/sentimento do coração/que nos há-de acompanhar/nesta nossa união”, são dois dos versos utilizados nos lenços destinados a apaixonados.
Já os casados, podem reforçar as juras de amor com as quadras: “Meu amor é amado/mais não pode ser/jurei perante Deus/de o amar até morrer” e “No tribunal do amor/a minha sentença foi lida/a sentença que me saiu/foi amar-te toda a vida”. Foi o que fez a bordadeira Maria Helena Abrantes, que quando fez 40 e 50anos de casada ofereceu dois lenços ao marido.
Semanário A Guarda
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