Casal lésbico diz que está a ser alvo de discriminação |
Um casal lésbico que há dois anos vivia em Paredes de Coura está de malas aviadas para outra terra, depois de ter recebido uma "inesperada" ordem de despejo. Teresa e Helena garantem que estão a ser alvo de uma atitude de discriminação.
Teresa Pires e Helena Paixão, lésbicas assumidas perante o país depois de terem tentado casar em 2006, numa altura em que a legislação portuguesa não permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, residentes em Paredes de Coura, iniciaram esta semana mais uma mudança de casa por, dizem, serem vítimas de discriminação. Desta vez, o casal terá recebido uma ordem de despejo na sequência de desavenças com a senhoria de uma habitação que ocuparam durante pouco mais de dois meses no lugar de Lamamá, em plena vila courense. No mesmo concelho residiram em mais duas casas nos últimos dois anos, uma em Vascões, a 12 quilómetros da sede da localidade, e noutra já na vila também.
"Só não vivemos no Porto"
Juntas há oito anos, dizem que já perderam a conta aos "ninhos" que procuraram tornar seus. "Desde que estamos juntas, de Lisboa, por todo o litoral, só não vivemos no Porto, de resto vivemos nos distritos todos. Coimbra, Caldas da Rainha (Leiria), Aveiro...", afirma Teresa Pires, acrescentando: "Não consigo dizer ao certo por quantas casas passamos, mas por alto devem ter sido mais de 20". Quanto às razões de se terem transformado numa "espécie de nómadas", é taxativa: "Por discriminação, sempre".
E de todas as situações que as impeliram a fazer as malas e rumar para outro poiso, Teresa lembra uma que viveram já lá vão quatro anos em Oiã, Oliveira do Bairro, depois terem dado a cara a nível nacional na tentativa de contrair matrimónio. "Passamos algum tempo em Lisboa e quando voltamos tínhamos uma coroa de flores à porta", recorda, afirmando ainda que "no prédio também fizeram um abaixo-assinado". "Foi estranho. Antes disso na vila já toda a gente sabia, mas parece que uma coisa é sermos fufas e a vila saber, e outra sermos fufas e o país inteiro saber", lamenta. No sábado, contam mudar-se para Portalegre, onde desde o início desta semana já se encontram instaladas as suas filhas, de 10 e 15 anos, fruto de relações heterossexuais anteriores.Jornal de Noticias
Sem comentários:
Enviar um comentário