Cavaco Silva celebra hoje 70 anos de vida. De Boliqueime ao Palácio de Belém, foi um longo percurso, marcado por sucessos académicos e profissionais, primeiro, e depois por grandes sucessos políticos, nunca entretanto ultrapassados, como as duas maiorias que governaram o País de 1987 a 1995. E por uma absoluta estabilidade familiar
Cavaco Silva celebra hoje 70 anos de vida. Se em 2011 for reeleito presidente da República, deixará o cargo com 77 anos. Mário Soares deixou-o com 72 anos (e aos 80 tentou lá voltar), Jorge Sampaio com apenas 65 e Ramalho Eanes com uns incríveis 51 (e tinha 41 quando foi pela primeira vez eleito chefe do Estado, por ter comandado militarmente o 25 de Novembro de 1975). Cavaco Silva será, portanto, de todos os presidentes eleitos depois do 25 de Abril, o mais velho a deixar o Palácio de Belém.
Não é por acaso. O Presidente entrou tarde na política. Só depois do 25 de Abril, com 35 anos, inscrevendo-se no PSD, entusiasmado com Sá Carneiro e preocupado com o rumo do País. Além do mais, é o único caso de um presidente da República eleito em Portugal depois de uma primeira candidatura falhada. Entre uma e outra passaram dez anos, os dez anos do mandato de Jorge Sampaio (1996-2006), até agora o único político que o derrotou nas urnas (mas também foi por ele derrotado, nas eleições legislativas de 1991).
A vida de Cavaco Silva - que o DN recorda nas páginas seguintes, ouvindo amigos seus do Algarve e folheando a sua autobiografia - divide-se claramente em três períodos: a infância e juventude, no Algarve, onde conheceu aquela que é ainda hoje a sua mulher, Maria; a formação académica em economia (com um doutoramento em York) e a entrada no mercado de trabalho (no Banco de Portugal); e a política, a partir de 1979, quando aceitou ser ministro das Finanças de Francisco Sá Carneiro, no primeiro Governo da Aliança Democrática (coligação do PSD com o CDS e o PPM).
De então para cá - e estão a passar este anos três décadas - Cavaco Silva nunca mais deixou a política. Pode ter feito pequenos retiros tácticos mas manteve-se sempre opinante. E, pelo meio, foi sempre insistindo que não é um político, imagem que cultiva com desvelo. Juntamente com outra: a de homem de família, chefe conservador de um clã que vai crescendo.
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