Só em 2011 a economia portuguesa deverá voltar a crescer. Até lá terá dois anos seguidos de recessão, durante os quais o governador do BdP considera não haver condições para que se retome o caminho da consolidação orçamental.
O Banco de Portugal (BdP) manteve inalteradas as suas projecções para 2009, em relação à dimensão da recessão, porque, adiantou ontem Vítor Constâncio, "parecem ter acabado revisões em baixa", apesar do risco e a incerteza serem ainda muito acentuados. Tal como no Boletim Económico (BE) da Primavera, o BE de Verão, ontem divulgado, prevê que o PIB se contraia este ano 3,5%. Em 2010, o ambiente será ainda recessivo, mas de forma menos acentuada, apontando-se para uma quebra de 0,6%.
Reagindo a estas projecções, o ministro Teixeira dos Santos considerou que elas indiciam que "estamos a bater no fundo desta crise". Ainda assim, assinalou que os números em questão retratam um "quadro preocupante". Relativamente à inflação, afastou um cenário de deflação.
Apesar de manter a quebra do produto em 3,5% para 2009 (a maior descida desde 1975), as actuais projecções do BdP são mais negativas em relação ao comportamento das exportações (que quebrarão 17,7%) e das importações (a caírem 17,1%). Ao mesmo tempo, antecipa também agora uma retracção mais expressiva no consumo privado, uma vez que se está a verificar um forte abrandamento nas intenções de consumo dos particulares.
Apesar de assinalar sempre a grande incerteza que ainda se mantém - "a realidade pode ser um pouco pior do que o previsto" -, Vítor Constâncio considerou que "os aspectos mais agudos da crise parecem ter já estabilizados", ainda que avise que "a recuperação será muito moderada e lenta".
A informação actualmente disponível aponta, assim, para que não seja de esperar que a recuperação sustentada da economia aconteça antes de 2011. Até lá, afirmou, dificilmente poderá haver consolidação orçamental em termos estruturais, ou seja, fazer o défice (corrigido do ciclo) recuar.
Falando na Comissão de Orçamento e Finanças, Vítor Constâncio foi "convidado" pelo deputado do PSD Miguel Frasquilho a dizer se optaria por aumentar os impostos ou diminuir a despesa para reduzir o défice. O governador do BdP declinou o "convite", argumentando que esse é um debate político, e precisou que, para 2009 e 2010, "sendo um período recessivo", apenas reconhece que "não será fácil haver consolidação orçamental em termos estruturais".
No final desta audição, os deputados da Oposição manifestaram a sua preocupação com o estado e perspectivas para economia portuguesa.
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