Atleta morreu há 97 anos após sucumbir na maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo. Ingestão de estupefacientes foi fatal
O maratonista Francisco Lázaro morreu faz hoje 97 anos, durante a primeira participação portuguesa nos Jogos Olímpicos, em Estocolmo 1912 (Suécia). A primeira morte de um atleta durante os Jogos deixou Portugal de luto e impressionou o mundo, como registou a imprensa da época. A autópsia apontou a desidratação e insolação como causas da morte.
Todavia, para Gustavo Pires , professor responsável pela cadeira de Gestão do Desporto da Faculdade de Motricidade Humana e coordenador do Forum Olímpico, "o maratonista não morreu por insolação, inexperiência ou por ter coberto o corpo de sebo antes da corrida, como defedenderam os colegas de comitiva nos Jogos da Suécia". O benfiquista de 24 anos, campeão de Portugal nos 42 195 metros, "foi vítima de uma cultura que aconselhava a prática comum naquela altura, entre os atletas e os ciclistas, uma mistura a que chamava 'emborcação' - essência de terebintina (anastésico) e o ácido acético (vinagre) - como um complemento do treino", recorda.
À sua volta foi criada uma lenda. Lázaro teve um funeral com honras de herói nacional e desencadeou um processo que, decorridos quase cem anos, ainda está por resolver. "Nunca se investigou a sério esta morte. Foi aceite até aos nosso dias a tese, defendida pelos seu colegas em Estocolmo, que o atleta tinha morrido por ter coberto o corpo com sebo, tapando os poros e impedindo a tanspiração. Assim como foi aceite que o Comité Olimpico de Portugal comemerora este anos o 100.º aniversário ,quando os documentos dizem que só o fará em 2012", recorda Gustavo Pires. "Lázaro era um experiente fundista. Tinha triunfado em várias corridas nacionais. Estava acompanhado por pessoas cultas ", acrescenta. "Não existia o conceito de doping de hoje, portanto era natural recorrer a todos os métodos e produtos que melhorassem e aumentassem as capacidades", mas que acabaram por ser fatais para Francis Lázaro", segundo Gustavo Pires.
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