Nos últimos três anos, 15 mil armas apreendidas foram parar aos depósitos da PSP. Na sua maior parte são caçadeiras, mas também há armas de guerra e outras mais ligeiras que foram utilizadas em crimes.
Só em 2008, a PSP apreendeu um total de 4600 armas, sendo 2500 de fogo - sobretudo caçadeiras, pistolas e revólveres - e as restantes maioritariamente da classe das armas brancas, como facas, sabres ou bastões. Foram detectadas em acções policiais, por vezes direccionadas para o combate àquele fenómeno. Muitas passaram pelas mãos de criminosos e foram usadas em assaltos.
Relativamente ao ano em curso, os números ainda não estão consolidados, mas, segundo o subintendente Pedro Moura, da Direcção Nacional da PSP, tudo aponta para uma média que não difere muito das anteriores - a apreensão de 13 armas por dia, sete delas de fogo.
O ponto da situação foi feito ontem aproveitando o facto de estar marcada para hoje, terça-feira, no Carregado, a cerimónia da destruição de 16 mil armas, não só oriundas de apreensões, como de processos judiciais, que foram perdidas a favor do Estado e resultantes de entregas voluntárias pelos cidadãos. Mil são armas de fogo e as restantes armas brancas.
Oprocesso de desmantelamento será idêntico ao usado nas sucatas: as unidades serão colocadas numa máquina industrial e trituradas. No evento marcarão presença o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, o director nacional da PSP, Oliveira Pereira, e deputados da Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias.
Segundo explicou Pedro Moura, a destruição é um dos vários destinos possíveis das armas que vão parar aos depósitos da PSP. Muitas, até pelo seu "interesse histórico", são aproveitadas para museus militares ou da Polícia, para leilões (será um dos próximos eventos) e mesmo para formação e actividade operacional das forças de segurança. "Trata-se de um acto simbólico, que assinala o fim de um processo normal do percurso das armas", explicou o subintendente, a respeito da iniciativa de hoje.
Os dados revelam outras tendências preocupantes. Por dia, em média, são furtadas ou dadas como extraviadas quatro armas. No ano passado, foram "perdidas" 1154, das quais 834 eram da caça e 320 de defesa pessoal. Uma boa parte das vezes desaparecem de residências, de viaturas e no âmbito de actos venatórios. Os meses de Março e Agosto foram os que registaram o maior número de casos. A PSP realça que, entre os anos de 1984 e 2008, aquela estatística atingiu as 32 mil armas.
Quanto às armas actualmente existentes em Portugal, a PSP revela que têm sido "manifestadas desde sempre" cerca de 1,4 milhões, contando as que estão em situação legal, as que já foram destruídas, exportadas, transferidas e apreendidas. Cerca de 80% das armas declaradas correspondem às classes C e D, ou seja, armas de caça. Uma incógnita permanece a estimativa em relação à dimensão do mercado negro, que envolve o tráfico.
Sem comentários:
Enviar um comentário