Um dos dois burlões detidos, anteontem, pela PJ, levou ontem, terça-feira, uma das suas vítimas a uma sucata onde tinha vendido uma viatura que comprara com um cheque roubado. Pedro Machado nem acreditou no que viu: a carrinha estava desfeita.
"Sabe o que isto é?", perguntou Manuel Barbosa ao repórter, mostrando claramente no rosto o cansaço de uma noite sem dormir. "Isto... olhe, era uma vez uma carrinha Mercedes!", responde de chofre, misturando raiva e desespero nas palavras. Clama por justiça e admite que o filho, horas antes, quando viu o que foi feito à sua carrinha, lhe telefonou a chorar: "Pai, a Mercedes está aqui toda desfeita, às peças".
O caso para a família Barbosa começou no passado dia 5 quando um dos dois burlões detidos pela PJ - e que o Tribunal de Marco de Canaveses obrigou a apresentações periódicas às autoridades - o contactou para adquirir a carrinha Mercedes 220 E, de 2002.
O burlão, diz Manuel Machado, apresentou-se como sendo gerente da Fernantel e passou um cheque daquela firma no valor de 15 mil euros. Só que quando foram para receber o dinheiro, perceberam que o cheque do burlão era um dos que tinham sido roubados daquela empresa de construção civil, de Amarante, em Novembro de 2007.
Sem carrinha e sem dinheiro, a vida de Pedro ficou tormentosa. Diz o pai que ele não descansou enquanto não identificou o burlão; o que veio a acontecer no final da semana passada quando souberam que a Polícia Judiciária deteve dois indivíduos, de 60 e de 42 anos,- um deles com cadastro por burlas - que queriam comprar um Smart com mais um cheque dos que tinham sido roubados a Fernando Carvalho, proprietário da Fernantel.
Manuel Carvalho admite que, desde a detenção dos burlões, jamais lhes perderam o rasto. Porém, diz não perceber como eles foram mandados em liberdade pelo tribunal "depois de terem feito mal a tanta gente". E explica que ontem de madrugada, o filho conseguiu convencer um deles a dizer-lhe onde estava a sua carrinha. O burlão, de 42 anos, levou-o, então, a uma sucata, entre Felgueiras e Fafe, onde o jovem que a dirigia disse ter comprado a viatura. Mas quando lá chegou, não conseguiu suster as lágrimas: a sua Mercedes estava transformada em peças, para ser vendida a retalho.
Pedro alertou a GNR de Felgueiras e foi contactada a PJ. Perante as autoridades e o dono da sucata, o filho de Manuel Machado deu provas de que as peças - já numeradas e colocadas em prateleiras - eram do seu Mercedes. E foi compondo o puzzle em que transformaram a viatura.
"O meu filho começou por identificar as jantes, depois os tapetes e até o conta-quilómetros viu que era o da sua Mercedes", diz Manuel Barbosa, explicando que só não encontraram a parte da frente da viatura, o chassis e três portas.
"Esta carrinha tinha cinco portas mas só apareceram duas", explica, salientando que numa das peças foram encontrados documentos relacionados com a compra de objectos feita por um amigo do filho, que vive na Madeira, e esteve recentemente em Portugal a passar férias.
Tal como Manuel Machado, outras vítimas dos burlões queixam-se que as autoridades deveriam ter sido mais céleres a apanhá-los. "Foram os queixosos que identificaram os burlões, que a Polícia Judiciária deteve e depois o tribunal libertou. E foram os queixosos a levar um deles a dizer onde tinha vendido a carrinha Mercedes", dizem, preocupados com a situação.
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