No primeiro dia de fiscalização de cerca de 40 praias algarvias, foram detectadas três situações de perigo: a arriba poente da praia Maria Luísa (oposta à derrocada), a arriba de Olhos de Água e duas rochas na praia da Oura.
Ontem, terça-feira, à noite, os técnicos da Autoridade Regional Hidrográfica do Algarve (ARH) deixaram uma situação resolvida: as duas rochas instáveis detectadas na praia da Oura foram objecto de libertação controlada. As duas primeiras situações foram apenas sinalizadas, através da delimitação de um perímetro de segurança com fitas plásticas.
Estes foram os primeiros resultados das vistorias que arrancaram ontem de manhã e vão prolongar-se até sexta-feira em cerca de 40 praias ao longo de uma faixa de cerca de 45 quilómetros entre Olhos de Água (Albufeira) e Porto de Mós (Lagos). Paulo Cruz, vice-presidente da ARH Algarve, explicou que este troço "é onde existem arribas que, pela sua constituição, têm um grau de risco maior". Nalguns casos - como a praia de Dona Ana (Lagos), Castelo (Albufeira), Carianos e Três Castelos (Portimão) - até já estavam identificadas como zonas "em risco de ruína" no Plano de Acção do Litoral para 2009/2013.
Ontem, as três equipas que estão no terreno fiscalizaram todas as praias do concelho de Albufeira e Portimão, à excepção da praia da Rocha. Nos próximos dias seguem-se Lagos e Lagoa. Por decisão do ministro do Ambiente, as vistorias decorrem sem que os jornalistas tenham conhecimento dos locais a visitar.
A decisão de avançar com uma vistoria de emergência decorre na sequência da derrocada na praia Maria Luísa, que matou cinco pessoas e feriu outras três, e pretende "detectar eventuais situações de perigo". De acordo com Paulo Cruz, numa primeira fase trata-se de fazer uma "avaliação essencialmente visual". "Pela análise visual é possível detectar se há blocos instáveis, fendas recentes não conhecidas", disse, garantindo que após a avaliação das condições de risco "serão tomadas as medidas adequadas para salvaguardar a integridade dos banhistas". A solução pode passar pela colocação de barreiras físicas, pela remoção ou desmonte de rochas instáveis ou mesmo pela interdição parcial ou total de algumas praias, caso o risco seja elevado.
Esta acção vai também servir para detectar falhas de sinalização, tendo já sido feita uma encomenda de reforço de sinaléctica. Apesar de não estar definido qual o tipo de sinal a utilizar, a ARH vai passar a privilegiar as placas rectangulares com riscas amarelas e pretas e um triângulo ao centro a alertar para o perigo de derrocada e a palavra "perigo" em português e inglês. Está a ser também estudada a possibilidade de indicar aos banhistas as distâncias aconselhadas de segurança face à instabilidade das arribas.
Nesta acção participam os quatro técnicos da ARH que têm a seu cargo a tarefa da avaliação de risco (dois geólogos e dois engenheiros civis) e elementos de uma empresa externa contratada para o efeito. Questionado sobre se quatro técnicos são suficientes para fazer a fiscalização regular de toda a zona que lhe está atribuída - 150 quilómetros de falésias entre Albufeira e Odeceixe -, Paulo Cruz admitiu que "o ideal era ter muito mais".
Ontem, a Autoridade Marítima do Sul considerou que "há que tirar lições" da derrocada na praia Maria Luísa e defendeu uma "política mais activa" na sinalética junto das zonas perigosas. "O que correu menos bem na prevenção dos perigos foi o não surtir de efeito da sinalética", admitiu, à Lusa, o comandante Marques Ferreira.
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