Só "um verdadeiro milagre" pode explicar o facto de nada de grave ter acontecido, ao início da tarde desta terça-feira, em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde, quando um camião arrancou desgovernado de uma valeta, sem condutor, tendo chocado com violência contra o muro de um restaurante.
Hugo Faria, há dois anos proprietário do "Via 13", "Nunca ter vivido um susto tão grande", mesmo tendo consciência que o seu estabelecimento, situado na EN13, "fica numa zona muito movimentada e, por isso, sujeita a vários acidentes".
"Foi por volta das 11 horas quando me apercebi que um motorista parou o camião na berma, com problemas, 20 metros acima do meu restaurante, no sentido Porto-Vila do Conde. Ali ficou a manhã toda. Qual não foi o meu espanto quando, por volta das 13 horas, vi-o sair desgovernado, a galgar as faixas de rodagem", explicou Hugo, que na altura estava à porta do restaurante.
"Aconteceu tudo em cinco segundos e pensei que o motorista teria adormecido na parte de trás do camião", acrescentou o empresário mal refeito do susto, que se apercebeu que o homem, afinal, saiu a correr, "da zona entre a cabina e o atrelado".
Valeu a rápida intervenção de Joaquim Félix, voluntário dos Bombeiros de Moreira da Maia, que se encontrava a almoçar no restaurante e que, mal se deu o acidente, telefonou para o 112 a pedir ajuda. "Fiz a minha obrigação", disse Joaquim Félix, que chegou a temer o pior quando viu "que a mercadoria eram botijas de oxigénio".
"Quando cheguei ao camião, a minha preocupação foi perceber se havia feridos", afirmou o bombeiro, que explicou que "o oxigénio medicinal só se torna perigoso se estiver em contacto com gorduras". O que de facto podia ter acontecido , ainda que as botijas estivessem vazias, "porque o veículo pesado teve um derrame de óleo", apontou Joaquim Félix. Por isso, logo à chegada da corporação de Vila do Conde, colocou-se espuma no piso por precaução.
No local do acidente, várias pessoas sublinharam que as causas do despiste podem estar relacionadas "com a falta de experiência do condutor espanhol".
"Ele, por volta das 12.45 horas, veio pedir-me uma chave inglesa", disse António Alves, proprietário de uma loja de materiais em segunda mão, contígua ao restaurante, que chegou a ver o espanhol a "mexer nuns tubos". "Provavelmente, sem saber, terá mexido em algum compressor ligado aos travões", acrescentou.
Quatro horas depois do camião ter chocado contra o muro do "Via 13", ainda havia clientes que não conseguiam sair do parque de estacionamento,porque o camião estava a barrar a saída. "É inadmissível que estivéssemos à espera de um reboque que viria de Espanha", desabafou João Pinto. "Já tinha reservado lanche e jantar", acrescentou, irónico.
"Quem agora vai pagar a caldeirada de chocos que ficou toda no tacho por falta de clientes?", desabafou Preciosa Oliveira, ajudante de cozinha.
Numa "pilha de nervos" continuava o "herói" Joaquim Félix, "preso por causa do carro", quando a mulher, Juliana, preparava-se para dar à luz no Hospital da Póvoa de Varzim.
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