Portugal tem garantida a quantidade de vacinas contra a gripe necessária para 30% da população, assegurou ontem a ministra da Saúde, no dia em que foram confirmados mais nove novos casos e encerradas uma escola em Lisboa e uma creche nos Açores.
Ana Jorge garantiu não haver atraso na pré-reserva da vacina, que está a ser negociada com vários laboratórios, prevendo tê-la quando for disponibilizada em finais de Novembro. Portugal soma 57 casos de contágio com o vírus que a Organização Mundial de Saúde rebaptizou como "H1N1 2009".
Os casos na escola de Lisboa foram confirmados ao início da tarde. Poucas horas depois, era comunicado o encerramento de uma creche em Ponta Delgada, onde foi detectada uma criança de 18 meses com o vírus. A Secretaria Regional da Saúde garantiu que todas as 29 restantes estão medicadas e observadas.
Dos nove novos casos desde as 18 horas de anteontem, cinco devem-se a transissão secundária e quatro vieram do estrangeiro. Entre os de contágio local estão dois meninos e uma menina de dois anos, uma de quatro - todos em tratamento em casa - e um jovem de 17 anos, internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Nesta unidade estão dois jovens de 18 anos e uma mulher de 44 regressados do México, enquanto uma criança de dois anos vinda deste país está em casa.
Entretanto, a OMS, cujo balanço cifra a pandemia em mais de 98 mil infectados e 440 mortos, prepara novas instruções e desaconselhou análises sistemáticas de laboratório nos países com mais casos, seguindo o exemplo nomeadamente do Reino Unido, onde os exames foram abandonados.
Não será ainda o caso de Portugal, cujo Plano Nacional de Contingência aponta o apoio dos laboratórios de virologia ao diagnóstico da infecção pelo H1N1 "nos casos iniciais e para caracterização dos vírus circulantes durante a pandemia",
A epidemiologista Cristina Furtado, do Instituto Nacional de Saúde (INSA), explicou ao Jn que "não há um número limite de casos" a partir do qual se deixa de fazer o diagnóstico laboratorial. "À medida que a pandemia aumenta, percebe-se que, com um quadro clínico muito semelhante, diminui a importância do diagnóstico laboratorial". Até porque os esforços das autoridades passam a concentrar-se "no tratamento e na vigilância dos contactos". E exemplifica: "numa família com um primeiro caso confirmado, quando surgirem outros familiares com o mesmo quadro clínico, assume-se que é gripe".
"Em Portugal ainda estamos numa fase de contenção e diagnóstico de todos os casos validados como suspeitos". A redução dos diagnósticos laboratoriais "vai depender da evolução do quadro epidemiológico". O Reino Unido já tem perto de oito mil casos de H1N1, o que justificou a alteração das medidas, pois não há motivos para pensar que um caso suspeito não seja gripe. Mas Portugal "ainda não tem o vírus espalhado". "Se fossem dez mil casos para tratar, teríamos que concentrar esforços nesse sentido".
Mas o diagnóstico não é simplesmente abandonado. Como acontece com a gripe sazonal, deve ser feito para estudar resistências aos antivirais e identificar eventuais mutações do vírus. Aliás, a OMS vai pedir que se façam análises a doentes com sintomas pouco habituais para detectar essas possíveis mutações.
Portugal mantém a vigilância dos contactos dos doentes confirmados, mas "haverá uma altura em que se tornará impraticável". Com uma pandemia generalizada, "o vírus é mais rápido do que os passos" das autoridades.
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