Mais quatro casos de gripe H1N1 confirmados em Portugal nas últimas 24 horas. Os mais recentes envolvem estabelecimentos de ensino, deixando os pais apreensivos quanto à próxima reentrada escolar.
O caso ontem, quarta-feira, conhecido de infecção numa criança que frequenta um infantário já estava contabilizado nos números oficiais do final da passada semana e diz respeito a uma criança que estivera no México. Na creche que frequentava, em Mem Martins, Sintra, não há indícios de contágios, mas os pais e educadores estão atentos a sinais, que podem surgir até amanhã. O facto de a criança ter sido logo tratada e não estar mais em contacto com outras levou à decisão de não fechar a creche. Foi o segundo caso num estabelecimento escolar (o outro tinha sido detectado em Lisboa) .
A ministra Ana Jorge anunciou ontem que a futura vacina contra o vírus H1N1 desta pandemia será administrada a todas as crianças com doenças crónicas. Esse será o caso dos bebés prematuros, com poucas defesas. A extensão da vacina a outras crianças está em estudo, que pesa as vantagens e eventuais desvantagens.
Ontem, a OMS disse estar atenta a prováveis mutações do vírus em circulação e as autoridades sanitárias do Canadá confirmaram que dois trabalhadores de suinicultura foram infectados com uma nova variante do vírus da gripe A, com genes H1N1 e H3N2. O surgimento de mutações pode tornar mais difícil o desenho de uma vacina eficaz. Se outra variante se espalhar, muda o alvo e a produção ficará ainda mais atrasada. Certo é que, em pandemias anteriores, houve duas ou três ondas gripais e o vírus dá a volta ao mundo em cerca de ano e meio, repetindo surtos em regiões ou países. Recorde-se que Portugal tomou esta semana a decisão de fazer uma pré-reserva da vacina para 30% da sua população.
No dia em que foram ultrapassados os 100 mil casos confirmados da nova gripe a nível mundial, a OMS anunciou que deve ser mudada a estratégia de acompanhamento da doença. Foi pedido ontem aos países que deixem de realizar testes laboratoriais a todos os casos suspeitos.
A Organização Mundial de Saúde decidiu, entretanto, rebaptizar a nova gripe, chamando-lhe "H1N1 2009". Ela começou por ser referida como suína, mas os criadores e comerciantes de carne reclamaram. O México, onde os tiveram mais expressão os surtos iniciais, também não ficou agradado com a designação de "gripe mexicana", até porque a origem não está ainda bem esclarecida e se julga que os primeiros casos terão rebentado nos EUA ou no Canadá. Também só a definição de "pandémica" não era suficiente, porque já houve no século XX três pandemias. E também era errado designá-la como gripe A, como um epidemiologista português, Marinho Falcão, explicou ao JN em Maio passado. É que gripes A foram todas as pandemias e são-no também as gripes sazonais. Aquilo que as distingue mais claramente são os seus subtipos. A "pneumónica", de 1918, foi também A (H1N1), sendo que a actual é uma variante desta. A "asiática", na década de 50, foi A (H2N2) e a de Hong-Kong, em 1968, foi A(H3N2). A chamada gripe aviária, que há três anos se temia que viesse a ser a nova pandemia, também era do género A, mas com o subtipo H5N1.
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