Família de Beatriz está à porta do Tribunal de Menores de Coimbra |
Uma família está desde ontem, quarta-feira, à porta do Tribunal de Menores de Coimbra em greve de fome para reaver uma criança de três anos, em vias de ser adoptada. A avó da Beatriz diz que só saem dali para o cemitério ou com a menina.
Beatriz foi retirada dos pais pela Segurança Social há cerca de um ano, devido a uma alegada situação de maus-tratos entre a família, tendo sido entregue a uma instituição da Caritas em Cernache, Coimbra. "Os problemas foram entre adultos, nunca com a criança. A Beatriz vivia bem e tem uma boa relação com toda a família", conta a mãe da criança, Sandra Figueiredo, de 22 anos.
A progenitora adianta ainda que os problemas que se verificavam há um ano estão resolvidos. "Todos erramos e todos temos direito a outra oportunidade", afirma, acrescentando que os pais já têm casa e emprego, e têm melhores condições para receber a menina. Sandra e o pai de Beatriz, Ângelo Bastos, vivem numa casa alugada em Ceira (arredores de Coimbra), e a avó está a morar em Santa Clara, na margem esquerda do Rio Mondego.
Segundo a família, Beatriz já estará dada para adopção e até já terá família para a acolher, sendo que a decisão do Tribunal de Menores ao parecer da assistente social deverá acontecer em Setembro. "Viemos consultar o processo há pouco tempo e disseram-nos que a menina já estava para adopção", conta Sandra Figueiredo.
A família recusa, no entanto, que a greve de fome tenha sido influenciada pelo caso de Martim, ocorrido em Cascais. "Já tínhamos ideia de fazer este protesto há muito tempo, mas esperámos para ver os desenvolvimentos do processo", afirma Cristina Figueiredo, avó de Beatriz.
Pai, mãe, avó, bisavó e outros familiares de Beatriz começaram a chegar ao Tribunal de Menores por volta das cinco horas da madrugada e admitem lá ficar o tempo que for necessário, tendo mesmo uma tenda preparada para passar a noite no local. À volta do tribunal, situado na Avenida Fernão de Magalhães, encontram-se cartazes com fotografias da criança. "A minha filha no dia 7/7/09 pediu aos pais leva-me para brincar com a bola" ou "Beatriz morremos por ti se for preciso" são algumas das mensagens publicadas nos cartazes. "A Beatriz não tem de ficar com mais ninguém. Tem é de ficar com os pais", afirma a avó da criança.
Para domingo, os familiares da menina têm prevista uma ida a Fátima. Segundo Cristina Figueiredo, o grupo vai pedir um milagre para a Beatriz. "Vamos de manhã para assistir à missa e levamos cartazes a apelar que a criança nos seja devolvida", conta. Ângelo Bastos afirma que deverão chegar a Fátima por volta das 9 horas da manhã.
Fonte do tribunal contou que se trata de um processo sigiloso de promoção e protecção de menores, no qual apenas as partes (e às vezes nem as partes) teriam acesso, não podendo prestar declarações sobre o assunto.
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