Cerimónia de homenagem a Michael Jackson reuniu largos milhares de fãs em Los Angeles. Mariah Carey, Usher, Queen Latifah e Lionel Richie foram alguns dos artistas que se associaram ao tributo. Veja o vídeo.
A despedida de Michael Jackson foi uma impressionante manifestação de pesar de fãs e figuras públicas que, apesar de centrada em Los Angeles, chegou a todo o Mundo, atingindo um mediatismo raras vezes visto.
O forte aparato de segurança - um elemento por cada três espectadores, segundo cálculos da organização - e a sobriedade do Staples Center, desprovido de artefactos visuais de grande monta exceptuando o ecrã gigante colocado no palco, marcaram a cerimónia pública de homenagem, cujo início teve um atraso de meia hora, devido à lentidão do cortejo fúnebre.
À entrada do recinto, cinco irmãos do músico - Randy, Marlon, Jackie, Jermaine e Tito Jackson - transportaram o caixão dourado, ornamentado com flores no centro do palco.
Coube a Lucious W. Smith, pastor da Igreja Baptista da Amizade de Pasadena (Califórnia), a invocação inicial - "viemos juntos e lembramos o tempo", disse -, seguindo-se uma breve actuação de Mariah Carey do tema "I'll be there", em dueto com Trey Lorenz.
As palavras de Nelson Mandela, lidas por Smokey Robinson, foram das primeiras a ecoar no lotado auditório. "Tínhamos uma enorme admiração por ele desde que começou a actuar na África do Sul com regularidade. A nossa admiração pelo seu talento era enorme. O Michael era um gigante. Uma verdadeira lenda", escreveu o antigo líder sul-africano. Robinson leu ainda uma mensagem de Diana Ross, que, apesar de ausente da cerimónia, afirmou encontrar-se "em espírito no local", pois "Michael Jackson era uma parte importante do meu mundo, da minha vida".
Nas duas horas de duração do tributo, a plateia de quase 20 mil pessoas, seleccionada a partir de um universo de inscritos superior a um milhão e meio de interessados, não refreou o entusiasmo e a emoção, manifestando-se ruidosamente em cada actuação - que incluiu nomes como os de Lionel Richie, Germaine Jackson, Usher, Jennifer Hudson ou John Mayer - e cumprindo, deste modo, os intentos do familiares do músico, que sempre afirmaram pretender que a cerimónia fosse uma gigantesca celebração de afecto.
Mais emotivas ainda do que as músicas foram os depoimentos. Queen Latifah leu um poema de Maya Angelou, autora afro-americana; o fundador da Motown, Berry Gordy, relembrou "o maior artista de todos os tempos" e até Magic Johnson participou, ao relembrar o contributo do artista "para a valorização dos negros americanos". A questão racial voltou a estar no centro do discurso do reverendo e activista dos direitos civis Al Sharpton que, com o auxílio do teleponto, recordou como o autor de "Thriller" acabou por "sobrepor todas as barreiras relacionadas com a cor". Sharpton não deixou passar em claro em claro os litígios judiciais que marcaram a vida de Michael Jackson e, dirigindo-se aos três filhos do artista presentes no Staples Center, defendeu que "nada do que ele fez foi estranho; estranho foi tudo aquilo a que teve que fazer frente".
Exceptuando uma breve referência do irmão Marlon - "talvez agora, Michael, te deixem finalmente em paz" -, as menções aos processos judiciais enfrentados por Jackson não abundaram ao longo da cerimónia. No entanto, nem por isso faltaram exemplos paradigmáticos de como a reabilitação da imagem pública do cantor, desgastada após anos a fio de batalhas nos tribunais, esteve entre os objectivos da cerimónia. A começar pela exposição dos filhos do malogrado músico. Paris adiantou mesmo que "o meu pai foi o melhor que se pode imaginar".
Duas horas exactas após o início, o espectáculo, concebido meticulosamente para as televisões, chegava ao fim, com os temas "Heal the world" e "We are the world" entoados em uníssono pela multidão.
Sempre com os focos dirigidos para o rosto dos filhos, as câmaras captaram ainda a despedida feita pelos familiares do caixão do músico, cujos restos mortais deverão ser encaminhados para o cemitério de Forest Law, onde, duas horas antes do tributo pública, se realizou uma cerimónia privada.
O protagonismo assumido por este evento não impediu que outros tributos, ainda que de menor dimensão, se realizassem nos cinco continentes. De Bucareste a Hong Kong, passando por Sydney ou Berlim, os fãs do músico renderam homenagem um pouco por toda a parte.
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