Em Portugal, foram ontem conhecidos os primeiros casos (dois) da nova gripe em pessoas que não tinham saído do país, mas estiveram em contacto com pessoas que o fizeram. Também o número de doentes subiu em flecha, para 41.
Foram pela primeira vez detectados ontem casos de contágio por contacto com pessoas que tinham viajado de outros países. Ao fim da tarde, a ministra da Saúde confirmava esta nova situação na propagação do vírus e indicava que o número total de doentes infectados tinha subido para 41. Ou seja, em apenas 24 horas, houve a notificação de oito novos casos (o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças indicava dez, para um período quase coincidente). Ana Jorge referiu que uma criança de 13 meses e uma mulher de 47 anos estão internadas em Ponta Delgada e em Lisboa, na sequência de contágio, que teve como fonte pessoas regressadas do estrangeiro. A ministra da Saúde disse, em conferência de imprensa, que "o aumento das viagens pode estar na origem de mais casos", mas não transmitiu qualquer conselho no sentido de as pessas não se deslocarem em férias. Acrescentou que este aumento "era esperado", bem como o chamado contágio secundário, que demorou quase dois meses a ocorrer, ao contrário do que se verificou noutros países. De entre os casos ontem confirmados contam-se o de uma criança de 13 anos, vinda de Londres e que está internada no S.João, o de uma mulher chegada de Valência e que está internada em Coimbra e de uma criança, proveniente do México, estando a receber cuidados no D. Estefânia, em Lisboa.
Ana Jorge, que na sexta-feira tinha anunciado que o Hospital de Faro se junta nesta semana aos quatro hospitais de referência para receber doentes com vírus A (H1N1), considera que "a situação não é de alarme, mas de alerta" e afirmou ser positivo estarmos agora num tempo de escolas encerradas: "Isso é benéfico, porque dimunui os contágios". Ainda de acordo coma responsável pela pasta da Saúde, o crescimento lento dos casos, até agora, tem favorecido a organização de "respostas sociais" à pandemia. Ana Jorge voltou a apelar a "famílias, escolas e empresas" para que "colaborem na contenção do vírus" e referiu que especialistas estão a estudar o comportamento e atitudes da população face a esta doença para melhor poder ser avaliada a resposta social. Assumindo um papel pedagógico de divulgação, a ministra repetiu as medidas que cada um pode tomar para travar o passo aos contágios: lavar criterioso e frequente das mãos, uso de lenços de papel. Por outro lado, voltou a frisar que quem suspeite de ter sido contagiado deve ligar para a Linha de Saúde 24 e não comparecer logo em unidades de saúde, onde pode contagiar outras pessoas.
Os números oficiais do Ministério da Saúde, que agora não referem os casos suspeitos, poderão crescer nos próximos dias. O JN sabe que, entre os doentes em observação e análise, se contava ontem mais uma criança, de quatro anos, internada no Hospital de S. João, no Porto, depois de ter dado entrada no Hospital Padre Américo de Vale do Sousa. Os pais tinham regressado de uma viagem às Canárias.
A transmissão do vírus a pessoas que não estiveram fora do território nacional , de acordo com o especialista em doenças infecto-contagiosas Jorge Atouguia, "torna mais elevada a possibilidade de os casos aumentarem". Mas este vírus, explicou ao JN ,"não tem uma taxa de transmissão tão elevada como a de outros vírus da gripe", o que seria bastante mais preocupante. Estima-se que essa taxa seja de pouco mais que um, ou seja, uma pessoa contagiará uma outra e pouco mais. O mesmo infecciologista refere ainda que, apesar de o Verão poder ajudar a travar uma maior expansão do vírus, este pode adquirir maior agressividade até ao Outono. E, entretanto, continua em circulação a estirpe da gripe sazonal.
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