A Economist Intelligence Unit (EIU) anunciou, numa das suas últimas edições, que o Brasil é já a oitava economia do mundo - o que muitos especialistas diziam que só ocorreria dentro de algumas décadas. Não é de estranhar, assim, que o país tenha um saldo da balança comercial positivo em 18,3 mil milhões de euros, reservas de 180 mil milhões de euros e uma perspectiva de crescimento de 5% nos próximos anos.
Os dados são todos positivos: em 2009, o Brasil exportou 113 mil milhões de euros e importou 94 mil milhões de euros, o que lhe gerou um saldo positivo de 18,3 mil milhões de euros; o país, que na década de 1980 foi considerado incumpridor com os credores externos e teve de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), dispõe agora nos seus cofres de reservas de 180 mil milhões de euros - um pouco mais do que a sua dívida externa. Portanto, não depende de terceiros para ir em frente, motivo pelo qual foi recentemente considerado a oitava maior economia do mundo pela Economist Intelligence Unit (EIU).
A KPMG fez uma pesquisa mundial e concluiu que os empresários brasileiros são, no momento, os mais optimistas do mundo. Os mais entusiastas dizem que não só as reservas de petróleo estão a crescer mas que, se no futuro a grande commodity for a água potável ou a geração de oxigénio, o Brasil também estará em boas condições, graças à floresta amazónica.
A história recente do país foi atribulada. De 1964 a 1985, o Brasil viveu sob regime militar. Depois veio a hiperinflação, com taxas de até 900% ao ano e, em 1992, ocorreu a saída do presidente Collor de Mello, obviamente com reflexos negativos na economia. Em 2002, quando o Presidente Lula ganhou, gerou-se algum pânico, pois temia-se que o ex--metalúrgico aplicasse normas radicais do (seu) Partido dos Trabalhadores (PT), o que não aconteceu. Lula, que nos comícios falava em punir bancos e renegar a dívida externa, enviou uma mensagem de paz, ao colocar como presidente do Banco Central o economista Henrique Meirelles, ex-presidente mundial do Bankboston - o que serviu como garantia de que não iria afrontar a comunidade financeira local e externa.
A britânica EIU afirma que as políticas bem-sucedidas adoptadas pelo Governo contribuíram para a sua recente ascensão. "Mas, por detrás da performance brasileira há também deficiências, como uma economia ainda fechada, o que, por acaso, surgiu como vantagem durante a crise mundial, mas que no longo prazo tende a pesar negativamente", detalha a EIU. Mas a euforia é tão grande que Lula chegou a afirmar que o país vive a melhor fase desde a proclamação da República, em 1889.
O Presidente do Brasil quer um lugar no Conselho de Segurança da ONU para o país e até já viajou ao Médio Oriente para tentar fazer do emergente país sul-americano um mediador relevante da crise entre árabes e judeus, além de líder na América do Sul. Enquanto não faz parte do G-8, o Brasil procura levantar a voz em fóruns como o G-20. Uma prova da nova força brasileira está nas suas empresas gigantecas, como a Petrobras e a empresa mineira Vale.
Em razão do bom momento, Lula foi reeleito em 2006 e hoje está com 80% de popularidade, o que é raro, após mais de sete anos de Governo. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a conjuntura internacional ajudou até 2008, mas, com a crise, o Presidente Lula acertou, ao reduzir impostos - sobre carros e máquinas de lavar - e ampliar o investimento público. Com isso, em 2009, ano de crise mundial, o Brasil decresceu apenas 0,2% e, para 2010, a sua economia deve crescer 5,2%. A previsão oficial é de que vai crescer acima de 5% nos próximos anos.
Num ponto, economistas de todos os matizes concordam: o Brasil deveria aproveitar a actual fase de vacas gordas para fazer uma sólida reforma tributária e racionalizar a cobrança de impostos, para estimular um crescimento sustentado. Outra reforma urgente é a trabalhista: hoje, um patrão que contrata um empregado por 300 euros paga outros 300 euros ao Governo, para uma série de impostos e fundos. Isso desincentiva as contratações e estimula a informalidade no trabalho.
Com o seu estilo informal, Lula afirmou: "As razões do sucesso da economia brasileira e da sua menor exposição aos efeitos da crise financeira global foram a expansão da oferta de crédito e a ampliação do mercado interno, por meio de políticas de distribuição de rendimentos. Éramos uma economia capitalista sem capitalismo", diz.
DN
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