Fragata desapareceu em menos de uma hora numa zona de frequentes confrontos
Uma explosão de origem não identificada causou ontem o afundamento de uma corveta de 1400 toneladas da marinha sul-coreana numa zona do mar Amarelo reivindicada pela Coreia do Norte, causando a morte de, pelo menos, 40 dos seus 104 tripulantes.
As primeiras notícias referiram que um segundo barco de guerra sul-coreano avançara de imediato para a zona e alvejara um "barco não identificado em movimento" para as águas territoriais norte-coreanas.
Os habitantes da ilha Baengnyeong, situada perto do local do incidente, terão ouvido disparos uma hora depois do afundamento da corveta, segundo a agência sul-coreana Yonhap. Estes disparos terão durado cerca de dez minutos.
O incidente verificou-se nas imediações da ilha, junto da Linha Limite do Norte, a fronteira marítima entre as duas Coreias que Pyongyang não reconhece. O primeiro comentário de um porta-voz militar sul-coreano indicou tratar-se de uma explosão que abrira um enorme buraco na popa, junto à hélice da corveta Cheonan. O barco demorou menos de uma hora a afundar-se.
Em Novembro passado, em 2002 e, anteriormente, em 1999, a zona viu suceder alguns dos confrontos navais mais violentos entre as marinhas dos dois Estados desde o fim da guerra na península, em 1953. Horas antes de o Cheonan se afundar, a artilharia de costa norte-coreana procedeu a uma série de disparos naquela zona.
A origem da explosão poderia ser um torpedo ou uma mina norte-coreana, mas um porta-voz do Presidente Lee Myung-bak declarava, horas depois, não estar esclarecido esse aspecto. Preferindo acentuar a necessidade de "salvar os marinheiros", deixou no ar a hipótese de se tratar de uma "explosão acidental no paiol".
Mas o facto de se ter realizado uma reunião de emergência do Presidente Lee com os responsáveis pelas questões de defesa e segurança, e com as chefias militares, indica que a origem da explosão pode não ter sido assim tão "acidental". Uma impressão reforçada pela marcação para hoje, sábado, de nova reunião das instâncias da defesa sul-coreana.
O facto de, nas declarações de responsáveis militares, os disparos sobre o "barco não identificado" - que se dirigiria para as águas territoriais norte-coreanas - terem sido posteriormente transformados em disparos sobre "um bando de aves", indica uma tentativa de relativizar um incidente que poderia acentuar as actuais tensões entre as duas Coreias.
O incidente sucede menos de duas semanas após as manobras conjuntas americano-sul-coreanas, que Pyongyang criticou com a sua habitual retórica apocalíptica. Coincide ainda com declarações do comandante da força americana na Coreia do Sul, general Walter Sharp, em que adverte para a possibilidade de "instabilidade" em Pyongyang devido a "uma súbita mudança de liderança". Jornais de Seul têm publicado nas últimas semanas textos referindo cenários de "colapso" do regime norte-coreano.
DN
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