A taxa de desemprego em Portugal subiu para 9,1%, no segundo trimestre, o que representa uma subida de 1,8 pontos percentuais face a igual período do ano passado. 71% dos novos desempregados são homens.
Um dia depois de a economia nacional ter mostrado sinais de recuperação, surgem notícias pouco animadoras para o desemprego - um facto normal, uma vez que o crescimento da economia demora a ter impacto no emprego.
Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a barreira psicológica de meio milhão de desempregados foi ultrapassada no segundo trimestre deste ano. A taxa de desemprego atingiu os 9,1% de Abril a Junho, o que representa um agravamento de 1,8 pontos percentuais, face aos 7,3% registados no mesmo período do ano passado. Esta taxa é ainda superior em 0,2 pontos percentuais face à verificada entre Janeiro e Abril (8,9%).
Perante este cenário, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, está confiante de que, "a confirmarem-se os sinais positivos da economia mundial e o facto de a economia portuguesa estar a acompanhar este movimento, que não vamos atingir os valores de dois dígitos no desemprego que alguns estimavam".
Também o primeiro-ministro reagiu aos números, dizendo que estes são "típicos da crise", ressalvando que "o desemprego cresceu em Portugal, mas ainda assim foi menor do que se verificou na Europa e outros países desenvolvidos".
O aumento da taxa de desemprego para 9,1% está em linha com a previsão da Comissão Europeia para o conjunto do ano, e acima das previsões do Governo que aponta para uma taxa de 8,5%.
O desemprego atingiu assim o valor mais elevado desde 1986, altura em que a taxa se situou nos 9,2%. Um aumento que está a afectar sobretudo os homens, invertendo assim a tendência verificada nos últimos anos, pois o número de mulheres desempregadas tem sido superior.
No segundo trimestre, existiam 257,2 mil pessoas do sexo masculino sem emprego, um valor acima das 250,5 mil mulheres. Em causa está o facto de as profissões onde existem mais homens estarem a ser mais afectadas pela actual crise. Construção e indústria estão entre os sectores mais penalizados, embora a agricultura tenha tido a maior perda.
O número de desempregados aumentou em 97,8 mil, sendo que os homens representam 71% dos novos desempregados. Face ao trimestre anterior, a taxa de desemprego dos homens aumentou 0,6 pontos percentuais e a das mulheres diminuiu 0,2 pontos percentuais.
O aumento da população desempregada verificou-se essencialmente entre indivíduos com idades entre os 25 e os 34 anos e naqueles com 45 e mais anos. Pessoas com nível de escolaridade correspondente ao 3.º ciclo do ensino básico também sofrem com o desemprego, assim como indivíduos à procura de novo emprego. O aumento no número de desempregados à procura de emprego há menos de um ano explicou 72,1% do aumento global.
Por regiões, as taxas de desemprego mais elevadas foram registadas no Alentejo, no Norte e em Lisboa. Os valores mais baixos encontram-se no Centro, Açores e Madeira.
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