A economia nacional recuperou 0,3% no segundo trimestre do ano, em relação aos três meses anteriores, registando assim o maior crescimento desde o último trimestre de 2007. França e Alemanha também cresceram.
A recuperação trimestral da economia portuguesa é um sinal positivo, mas ainda é cedo para cantar vitória, pois, em termos homólogos, o produto interno bruto (PIB) continua em queda.
Segundo a estimativa rápida divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB recuperou 0,3% no segundo trimestre do ano em relação aos três meses anteriores, interrompendo um ciclo de três trimestres consecutivos de queda. Portugal regista assim o maior crescimento desde o último trimestre de 2007, altura em que o PIB cresceu 0,5%.
Já em termos homólogos, o PIB caiu 3,7%, o que compara com a variação negativa de 3,9% registada no trimestre anterior. Ainda de Janeiro a Março, o PIB recuou 1,8% em cadeia. Em termos homólogos, a contracção da economia esteve associada à redução das exportações de bens e serviços, do investimento e, em menor escala, das despesas de consumo das famílias.
A contracção de 3,7% do PIB está em linha com as previsões da Comissão Europeia para o ano inteiro, e acima da previsão do Governo, que aponta para que a contracção económica seja de 3,4%.
Perante os números, o Ministério das Finanças afirmou, em comunicado, que estes são sinais positivos, e que "o crescimento em cadeia do primeiro para o segundo trimestre termina a recessão técnica iniciada em meados de 2008, o que não significa se seja o fim da crise". Segundo Teixeira dos Santos, para que esta acabe, o crescimento deve manter-se de forma sustentada e reflectir-se na criação de emprego.
Uma opinião partilhada pelo primeiro-ministro, José Sócrates: "Isto não é o fim da crise, mas sim o princípio do fim da crise. Há ainda desafios a enfrentar, mas os dados evidenciam o sinal de inflexão, uma viragem na economia".
Menos optimista está o economista Diogo Leite Campos que, em declarações ao JN, explicou que a retoma da economia é um sinal positivo, "mas é preciso esperar para ver se este número cresce, caso contrário, ficamos ainda pior do que estávamos antes da crise". Segundo o professor, a contribuir para a evolução esteve a retoma da confiança, tanto de pessoas singulares como de investidores, o que se traduz num aumento do consumo e do investimento. Leite Campos alerta, no entanto, para o facto de "não podermos falar ainda de recuperação, mas sim, de um abrandamento da crise, pois apenas quando chegarmos aos 3% ao ano é que podemos falar em recuperação". "Na melhor das hipóteses, chegaremos a este valor dentro de três ou quatro anos", afirmou.
A acompanhar a recuperação de Portugal estiveram as duas maiores economias europeias. Após quatro trimestres consecutivos de retracção, Alemanha e França voltaram a terreno positivo entre Abril e Junho. Segundo as estimativas do Eurostat, além de Portugal, Alemanha, França e Grécia tiveram variações trimestrais do PIB de 0,3%. Ainda a Eslováquia, depois de ter derrapado 11% no início do ano, voltou a crescer 2,2% no segundo trimestre. Metade dos países da Zona Euro está a crescer, e quem ainda não está, está a cair menos.
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