A morte chegou a dois meses de completar 80 anos. Raul Solnado, um dos actores mais versáteis e mais queridos de Portugal, faleceu ontem, em Lisboa, devido a complicações cardiovasculares surgidas após uma operação.
Raul Solnado estava internado no Hospital de Santa Maria, onde morreu pouco antes das 11 da manhã, devido a doença cardiovascular grave. O corpo encontra-se em câmara-ardente no Palácio Galveias, ao Campo Pequeno, e o funeral realiza-se hoje, às 18 horas, para o Cemitério dos Olivais. Por vontade expressa do actor, o seu corpo será cremado.
Solnado tinha sido operado às artérias carótidas recentemente e, apesar das complicações que entretanto obrigaram a novo internamento, tudo apontava para a recuperação. Pelo menos, era a convicção da sua companheira.
Ainda anteontem, Leonor Xavier explicava à "VIP" que , apesar de a operação ter corrido "muito bem", o estado de saúde do actor agravou-se três dias depois da intervenção, o que levou ao internamento nos cuidados intensivos, devido a problemas no coração. "Isso reflectiu-se no rim e noutras coisas. Ele é doente do coração, isto foi mais um episódio", dizia, para logo acrescentar: "Agora, o coração está bem, o rim também, e está a recuperar".
Nessa entrevista, Leonor Xavier referia que Raul Solnado estava "muito animado" com os projectos que tinha pela frente, entre os quais o programa "As Divinas Comédias", com Bruno Nogueira, que ontem estreou na RTP. Ainda em relação à sua saúde, afirmava que o actor era "ultra-disciplinado" e fazia exames regularmente.
Raul Solnado faria 80 anos no dia 19 de Outubro. Entre as últimas aparições públicas que fez, já bastante debilitado, destaca-se a participação num jantar que decorreu na estação de S. Bento, no Porto, em finais de Maio, numa iniciativa que visou angariar fundos para a associação de apoio à integração social Espaço T. Na ocasião, entregou ao também actor Diogo Infante o "Troféu Homem T".
Nasceu num bairro de Lisboa, onde passou uma infância modesta, mas feliz. "Empurrado" para o teatro pela mão de José Viana (falecido em 2003), Solnado estreou-se nos palcos em 1952. E, apesar de ser essa a área de eleição, o actor foi também uma figura incontornável da televisão. Quem não se lembra de programas como o "Zip Zip", assinado em parceria com Carlos Cruz e Fialho Gouveia, também já desaparecido?
Solnado auto-intitulava-se "uma fábrica de rir". E foi-o durante décadas.
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