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Radio Viseu Cidade Viriato

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cérebro do esquema cumpria trabalho comunitário a guardar esculturas no centro do Porto...

Em época "quente" de festivais de Verão, a PSP do Porto desmantelou uma rede de tráfico de droga que operava nesses eventos. O alegado cabecilha prestava trabalho comunitário: era vigilante numa exposição de esculturas.


Festivais de música, sobretudo nas regiões Norte e Centro, "rave parties" e discotecas eram os cenários mais procurados pelo grupo - quatro homens e uma mulher - detido, anteontem à noite, pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP. A operação foi mais um golpe nos circuitos de venda de drogas, em muitos casos sintéticas, que ganham força nesta altura do ano, dentro e fora dos recintos onde se realizam os concertos que atraem milhares de pessoas, um pouco por todo o país.


Desta vez, a PSP não cortou os acessos aos locais de diversão, como é prática comum em zonas como a Zambujeira do Mar ou Parades de Coura. Foi à fonte. Ou seja: aos abastecedores. E, após cinco meses de investigação, desenvolveu duas buscas a residências usadas pelo indivíduo apontado como líder do esquema; uma no Bairro Fonte da Moura, a outra na residência da companheira, ambas no Porto.


Foram apreendidos haxixe suficiente para 10563 doses; cocaína para 74 doses; algumas pastilhas de ecstasy e 19 gramas de MDMA (substância psicotrópica associada ao ecstasy, que provoca euforia). Os elementos policiais encontraram, também, a quantia de 9500 euros, que poderá ter sido resultante do tráfico, vários utensílios para doseamento de estupefaciente e quatro munições.


A DIC reuniu informações de que o grupo em causa - com idades entre 17 e 33 anos e moradores no Porto e em Águeda - se dedicava preferencialmente ao comércio de haxixe e ecstasy. Era liderado por um homem, de 33 anos, que tinha uma "vida dupla". Condenado a 60 horas de trabalho comunitário, por ter sido apanhado a conduzir sem carta, prestava serviço como vigilante da exposição de esculturas "Homem T", a decorrer na Avenida dos Aliados, no centro do Porto. Cumprido o horário, desenvolvia a actividade ilícita. Tanto marcava presença nos festivais ou nas "raves", para realizar as transacções, como delegava essas funções em alguns colaboradores, que também foram detidos.


Desempregado e beneficiário do Rendimento Social de Inserção, não reagiu bem quando a Polícia lhe entrou em casa. Mas foi logo manietado. Presente, ontem, a tribunal, foi-lhe aplicada a prisão preventiva. A mesma medida de coacção foi determinada a outro dos detidos e os restantes ficaram obrigados a apresentações às autoridades.


De acordo com a PSP, a investigação teve carácter urgente, uma vez que os suspeitos apresentavam grande dinâmica e tinham, entre a clientela, jovens com idades a partir dos 15 anos. "Temos a convicção de que tinham muito relevo em termos de tráfico naquele tipo de eventos", sublinhou o comissário Marco Teixeira.


Visibilidade é maior nos festivais
Maria do Carmo Carvalho, professora da Universidade Católica do Porto


Está a realizar uma investigação para caracterizar os diferentes contextos recreativos e o consumo de substâncias. Que dados pode avançar?


Os dados preliminares da observação directa, realizada em cerca de 140 eventos festivos (discotecas urbanas, festivais de Verão, festas de trance music e after hours), revelam que é muito arriscado dizer que se consume mais num determinado contexto, como festivais, do que outros. A grande diferença é ao nível da visibilidade do fenómeno. Há cenários que pelas suas características - espaços abertos, menos informais e com menor controlo social, onde há uma grande concentração de pessoas ao longo de vários dias - favorecem a visibilidade. Na discoteca urbana, há consumos ocultados (quartos-de-banho, áreas de circulação restrita, por exemplo), onde os participantes não se sentem à vontade para usar os produtos de forma descontraída.


Essas características não aumentam a disposição para o consumo?


Sem dúvida que os contextos desencadeiam os comportamentos, como ilustrado pelo conceito de "território psicotrópico" de Luís Fernandes. Mas, não há qualquer vantagem em criar novas estereotipias que conduzam à estigmatização. Consome-se em todos os contextos, a visibilidade é que varia.


Como supervisora da equipa de rua "Tudo sobre rodas", detecta novas tendências de consumo?


As informações colhidas no terreno dão conta de variações em função da oferta disponível. Embora muito longe da prevalência da cannabis e das anfetaminas, nota-se o aparecimento de quetamina, GHB e 2CB, drogas sintéticas de efeitos muito graves.


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