O movimento “SOS Rio Paiva” e a Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico e Cultural de Castelo de Paiva vêm recolhendo provas de descargas ilegais em vários pontos do rio e querem acabar com a “impassividade institucional” quanto ao estado em que se encontra aquele que já foi considerado o rio mais limpo da Europa.
Sérgio Caetano, que integra o movimento “SOS Rio Paiva”, afirma: “A própria Câmara Municipal de Castelo de Paiva efectua descargas poluentes para o rio e já assumiu isso, mas comprometeu-se esta semana a resolver a situação em 90 dias. O problema é que não é só a Câmara a fazê-las e as entidades responsáveis têm ignorado os nossos ofícios a alertá-las para a situação”.
Por parte da autarquia, as duas entidades de defesa do Rio Paiva vão esperar que a intervenção anunciada de concretize: “A ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] de Vila Nova de Paiva está a fazer descargas no rio, mas a Câmara diz que a culpa é de ligações ilegais ao saneamento e o presidente comprometeu-se a fiscalizar casa a casa para eliminá-las”.
Castro D’Aire e Arouca são outras duas autarquias a que Sérgio Caetano atribui
responsabilidades pela poluição do Paiva, através de descargas que as duas entidades de defesa desse rio se propõem “comprovar em vídeo”, à semelhança do que já fizeram com a ETAR de Vila Nova de Paiva.
“Vamos exigir que os responsáveis autárquicos se mobilizem na defesa e conservação do Rio Paiva como património natural que é”, garante Sérgio Caetano, “e pressionar também o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, e o Ministério do Ambiente, que têm ignorado os ofícios que lhes andamos a enviar há mais de um ano”.
“Em Vila Nova de Paiva, aquilo não era um rio”, recorda o mesmo responsável. “Era um esgoto. Foi do pior que vi até hoje e vamos acusar estas entidades todas de serem cúmplices disso”.
O Rio Paiva nasce na Serra da Nave, no concelho de Moimenta da Beira, e desagua no Rio Douro, em Castelo de Paiva. Na zona da Ponte da Bateira, as suas águas são captadas para abastecimento público pela empresa Águas do Douro e Paiva, da qual dependem municípios como os de Castelo de Paiva e Cinfães.
Classificado como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000, é local de desova de trutas e dele depende a sobrevivência de espécies como a Salamandra Lusitânica, o Lagarto-de-água, a Lontra, o Mexilhão-de-rio e a Odonata, entre outras espécies animais e vegetais raras no mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário