O presidente da República, Cavaco Silva, manifestou-se, ontem, sábado, em Salzburgo, no penúltimo dia da visita oficial à Áustria, optimista no "sim" irlandês ao Tratado de Lisboa, no referendo de 2 de Outubro próximo.
"Noto que há a percepção muito generalizada de que os irlandeses podem votar favoravelmente o Tratado de Lisboa. Mas, em referendos, é melhor esperar pelo dia em que os cidadãos votam. No entanto, tenho esperança forte de que vão votar 'sim'", referiu o chefe de Estado português, após um encontro com o chanceler austríaco, Werner Faymann. "Talvez a Irlanda tenha olhado para o projecto europeu de forma mais cuidadosa", acrescentou.
Sobre a reeleição de Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia - cuja celeridade o presidente da República tem vindo a defender -, Cavaco Silva sustentou que "as hesitações podem fragilizar" o processo. "Qual é a vantagem de ter uma Comissão Europeia fraca?", indagou, para, de seguida, salientar que "não há alternativa, até porque os 27 países da União Europeia estão de acordo".
Por outro lado, o chefe de Estado revelou que um dos temas das diversas conversas que tem mantido com o presidente austríaco, Heinz Fischer, desde o início da visita - na passada quinta-feira - é o da estabilidade política do bloco central que actualmente governa a Áustria. Questionado sobre se é um contexto transferível para Portugal, Cavaco Silva apontou, apenas, a necessidade de se "estabelecer um bom diálogo entre os líderes dos partidos quanto ao futuro".
O presidente da República aproveitou ainda para reforçar a convicção de que o défice governamental português não compromete a Zona Euro, transmitida em entrevista publicada anteontem no jornal austríaco "Kurier". "Estou convencido disso. A situação orçamental irlandesa, por exemplo, com um orçamento restritivo - que prevê, inclusivamente, cortes nas pensões - é muito mais negativa do que a de Portugal ou do que a da Alemanha".
Reportando-se à cerimónia de abertura do Festival de Salzburgo 2009, o chefe de Estado realçou o agradecimento que a governadora da cidade, Gabriele Burgstaller, endereçou, no discurso inaugural, aos contribuintes austríacos, por auxiliarem, com os seus impostos, à realização do evento. À referência aos sacrifícios que os contribuintes portugueses têm protagonizado em virtude da presente crise económica e financeira, Cavaco Silva considerou serem estes "merecedores de todo o respeito e consideração", ressalvando, contudo, "que a actual situação não é um caso exclusivamente nacional".
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