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sexta-feira, 9 de abril de 2010

VISEU - Mesmo sem a antiga romaria...




Novos peregrinos da Senhora do Crasto

Segunda-feira de Páscoa foi o dia da Senhora do Crasto, venerada em Vil de Soito. Mas a romaria já não é o que era, diz-se por lá.

O pequeno santuário da Senhora do Crasto, no monte (ou serra, como se diz nas proximidades) com o mesmo nome atrai actualmente um novo tipo de peregrinos. Há bem poucos anos, na segunda-feira de Páscoa, era feita uma procissão de Vil de Soito até ao santuário. “Hoje isso tudo acabou. O padre Artur faz uma missa à tarde e pronto!”, diz Mercês Conceição Ferreira, a simpática senhora que, com o saber dos seus 77 anos, cuida do santuário e da igreja matriz de Vil de Soito.
Mercês conta que a tradição de ir à senhora do Crasto se transformou num negócio apenas. “Antigamente as pessoas vinham em maior número aqui para o alto do monte. Punham mantas no chão e merendavam à espera da procissão e da missa em honra de Nossa Senhora do Crasto”, lembra.
Nos dias de hoje o caminho para o santuário continua a fazer-se a pé, por um caminho por onde apenas passam motorizadas e jipes. Ao chegar ao alto, começa a notar-se o cheiro das farturas e frango assado. Ouvem-se geradores de electricidade e começam a ver-se veículos transformados em restaurantes com mesas corridas cobertas por oleados.
Assam-se e comem-se frangos. O vinho corre pelas mesas, tal como refrigerantes e cestos de pão. Passa do meio-dia e vão chegando visitantes. Entram na capela, silenciam-se, veneram “a Santa que acode às mães, para que não falte sustento para os filhos”. Ao redor do santuário, grupos de jovens bebem e comem. “Estes pequenos vêm para aqui e bebem muito. Não sei como conseguem”, lamenta Mercês.
À Senhora do Crasto é hábito rumar na segunda-feira de Páscoa e no domingo da Ascensão. De resto, a igreja só é aberta para algumas limpezas. O passeio fica na memória por um dia de sol radioso, tal como fica a quadra que Mercês cantou: “Ó Nossa Senhora do Crasto/vinde abaixo à ladeira/vinde ver nascer a água/ por baixo da matoeira”.

Voz das Beiras

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