As duas primeiras crias de lince ibérico geradas em cativeiro em Portugal nasceram no passado Domingo de Páscoa no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, revelou hoje o Ministério do Ambiente.
As duas crias, "robustas e bastante activas", nasceram de parto natural. São a primeira descendência da fêmea Azahar - "flor de laranjeira" em árabe - que nasceu há cinco anos em liberdade e foi o primeiro animal a ser transferido de Espanha para o centro de Silves, em Outubro passado.
Apesar de várias tentativas, Azahar nunca tinha conseguido engravidar no centro de reprodução de Jerez de la Frontera, de onde foi transferida para Portugal: o stress urbano daquele local terá inviabilizado a gravidez.
Após os partos, Azahar exibe "dedicação e tranquilidade" às duas crias, junto das quais está em permanência.
O pai, de nome Drago, nasceu em cativeiro em La Olivilla e é também um dos 16 linces trazidos de Espanha no âmbito do esforço luso-ibérico de conservação do lince ibérico, uma espécie ameaçada de extinção.
Ainda segundo o Ministério do Ambiente, os partos decorreram normalmente e coincidiram com quatro outros nascimentos registados nos três centros de reprodução de linces em Espanha.
"Confirma-se que nasceram dois linces no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico. Nasceram no último domingo e são os dois primeiros nascidos em cativeiro desde que este programa foi criado. É uma boa notícia, ainda por cima tendo em conta que este ano se celebra o Ano Internacional da Biodiversidade", disse à agência Lusa a ministra do Ambiente, Dulce Álvaro Pássaro.
"Se tudo correr bem, esperamos no futuro que estes e outros animais sejam libertados de forma a repovoarem a nossa natureza", acrescentou.
No início de Março, o organismo espanhol encarregado da protecção do lince ibérico anunciou que uma infecção renal provocou a morte de três animais.
O mesmo organismo estimava que um terço dos 72 animais mantidos em cativeiro em Espanha sofreria da mesma doença.
O director do centro de Silves, Rodrigo Serra, disse na altura à Lusa que uma das fêmeas em Portugal estava com um doença renal, mas não de origem infecciosa, avançando com a hipótese de ter sido provocada por "um problema tóxico" decorrente da alimentação ou de vacinas.
De uma população de 100 mil animais no início do século XX, o número de linces ibéricos, considerados os felinos mais ameaçados do mundo, situa-se hoje na ordem das duas centenas em estado selvagem, além daqueles que são mantidos em centros como o de Silves.
Em Portugal, onde não eram avistados linces desde 1980, o objectivo do programa ibérico de reprodução é libertar os animais mantidos em cativeiro nos habitats naturais, como a serra da Malcata, e no sul do país.
DN
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