Começa a ser julgado na 4.ª-feira o suspeito do crime, que roubou os cartões da vítima.
Maria da Conceição Lopes Pessoa, 66 anos, tinha o sonho de vender a casa para ir morar num lar religioso, em Fátima, mas acabou por ser morta por sufocação e atirada a um poço, a 6 de Novembro de 2008, em Sandim, Gaia. Na quarta--feira, começa a ser julgado o suspeito do homicídio e principal interessado na compra da habitação da ex-freira e professora - segundo o Ministério Público, o crime aconteceu porque a vítima recusou a venda nas condições propostas pelo agressor, que era seu vizinho. O processo ficou conhecido como "o crime do poço".
O Ministério Público acusa Afonso Paulo Ferreira Evaristo, ex--operário fabril de 43 anos, de homicídio qualificado, roubo qualificado na forma tentada, crime de dano qualificado e profanação de cadáver, que prevêem uma elevada moldura penal.
Inicialmente, o indivíduo foi posto em liberdade e ficou apenas sujeito a apresentações diárias às autoridades, mas após as diligências investigatórias acabou por ser--lhe ditada a prisão preventiva em Julho de 2009. A medida de coacção foi mantida desde então, devido ao "perigo efectivo de cometimento de novos crimes violentos".
O arguido terá sufocado a vítima, que se encontrava de costas, mas antes exigiu-lhe os códigos dos cartões códigos dos cartões e cadernetas bancárias. Depois retirou documentos da carteira de Maria da Conceição e usou uma mangueira para molhar o corpo e apagar eventuais vestígios, diz o despacho de acusação, acrescentando que Afonso meteu o corpo na mala do carro da vítima e dirigiu-se a um poço hertziano em Seixo Alvo, no Olival, em Gaia, a cerca de três quilómetros do local do crime. Aí chegado, atirou-o, embrulhado num cobertor, para dentro do poço, que "cobriu com bidões de água e canas, para ocultar o cadáver".
Segundo o Ministério Público, tentou depois esconder o carro nas instalações da fundição Sofume, em Crestuma, viatura essa que foi encontrada na manhã do dia seguinte, ainda a arder, mas completamente carbonizado.
Nos dias 16 e 26 de Novembro, o arguido terá tentado fazer levantamentos com dois cartões da vítima, mas sem sucesso, pois o código que aquela referiu, antes de morrer, não era o correcto. Maria da Conceição tinha mais de 130 mil euros numa conta e onze mil noutra.
A Polícia Judiciária acabou por deter o suspeito e fez a reconstituição dos factos que resultaram na acusação deduzida pelo Ministério Público de Gaia. Conduzida pelo próprio arguido, a Judiciária localizou e recuperou o corpo, já em avançado estado de putrefacção, a 18 de Dezembro de 2008.
O início do julgamento está marcado para quarta-feira, no Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia, e a segunda sessão está agendada para o próximo dia 14.
DN
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