Aquele vaso que tem à entrada da sua casa pode ser um excelente local para semear uns coentros ou umas alfaces. Se não sabe como, leia este texto e veja como a Fundação Biológic@ o pode ajudar a comer vegetais saborosos e sem uma pinga de pesticidas nem herbicidas.
Com um puxão despachado, Teresa Fiúza arranca uma tangerina da árvore. Sem demora, abocanha a casca para ver se está boa. Após um sinal de aprovação, vira-se e exclama enquanto sorri: "Agricultura biológica é isto: ir à árvore, pegar na fruta e comer logo, sem haver preocupação se ela tem pesticidas ou herbicidas." Se acha que esta é uma ideia que lhe interessa, a Fundação Biológic@ pode dar uma ajuda com os seus cursos para hortas ecológicas. Ao alcance de todos, quer tenha um terreno com alguns hectares ou só uns vasos na varanda.
Teresa Fiúza estava calmamente sentada na sala da sua Quinta do Paraíso, quando ouviu falar pela primeira vez, no programa de televisão Biosfera, numa fundação que ensinava a plantar e a tratar de hortas biológicas. "Enviei logo um e-mail a mostrar-me interessada. Avisei que não era agricultora e que tinha apenas um bocado de terreno onde queria plantar umas alfaces para o Banco Alimentar", conta.
Sofia Lobo, da Biológic@, ficou interessada nesse "bocado de terreno" que afinal, ficou a saber mais tarde, eram 30 hectares. Agora, Teresa Fiúza, que participou num dos cursos da fundação, já tem um vasto quintal biológico. Lá planta, além das alfaces, couves, brócolos, cebolas, nabos, ervilhas, alhos e nabiças. "Sete mil pés, tudo natural", não se cansa de repetir.
"Qualquer espaço dá para fazer uma horta ou uma mini-horta. Só tem de se adaptar o que se pretende cultivar ao espaço", explica Sofia Lobo. Um quintal pode ser um bom local para plantar, assim como uns vasos na sua varanda, caso more num apartamento. "É algo que os ingleses fazem desde há muito, os chamados kitchen gardens e que, felizmente, têm vindo a ganhar cada vez mais adeptos em Portugal", diz. As preferências dos "agricultores de varanda" passam pelas ervas aromáticas e condimentares. De entre os legumes, as alfaces são as preferidas, mas há muitos que cultive de tudo, até batatas em vasos.
Nos cursos da Fundação Biológic@ aprende-se como controlar e tratar pragas sem químicos, assim como fertilizar as plantas sem usar adubos artificiais. "Ponho urtigas e outras plantas num bidão com água e uso como fertilizante. Tenho cavalos, ovelhas e patos e do que eles deixam aproveito para fazer compostagem", diz Teresa Fiúza, que condena os preços a que são vendidos os produtos "bio".
"Compro sementes biológicas que vêm do estrangeiro. Uma embalagem dessas sementes de alho-francês custa menos do que chupa-chupa. Não percebo como é que nos supermercados vendem pacotes de alho-francês a oito euros." Por isso promete que, quando começar a vender os seus produtos na Quinta - por volta de Maio ou Junho -, vai ter preços mais baixos do que os outros, porque "vender alho-francês a seis euros o quilo é pura especulação".
Tão especulativo que Sofia Lobo considera que no futuro a agricultura biológica poderá alimentar o mundo inteiro: "Se virmos bem a quantidade de desperdício alimentar que existe, principalmente nas grandes superfícies, concluímos que precisamos de menos alimentos do que o que consumimos. Há também imensas terras por cultivar, sendo Portugal exemplo disso, assim como o continente africano", explica.
A agricultora da Quinta do Paraíso conta ainda que descobriu a parte humana da agricultura biológica. Toda a família intervém nas culturas, juntando-se para semear, colher, lavar e comer os seus produtos.
Os seus netos levaram algumas alfaces para a escola, para os colegas comerem. A satisfação foi geral e todos elogiaram o "sabor natural a antigamente".
DN
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