Polémica. Maratonista português morreu durante a maratona dos Jogos Olímpicos de 1912. Há suspeitas de que o doping foi a causa de morte, mas esta teoria é contestada devido à falta de provas.
A morte de Francisco Lázaro continua a causar discordância nos meios desportivo e académico. A versão oficial indica que o fundista morreu quando corria a maratona olímpica de 1912 devido a uma insolação. As suspeitas de que se tratou do primeiro caso mortal de doping têm ganho espaço, mas são contestadas por falta de provas .
Ao DN, Gustavo Pires, professor da Faculdade de Motricidade Humana, disse que foi dopagem, mas Carlos Cardoso, presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), e Luís Horta, que presidente à Autoridade Antidopagem de Portugal (AdoP), contestam esta teoria.
Gustavo Pires disse em 2009 que, no início do século passado, "não existia o conceito de doping de hoje, portanto era natural recorrer a todos os métodos e produtos que melhorassem e aumentassem capacidades". "Nunca se investigou a sério esta morte. Foi aceite até aos nossos dias a tese, defendida pelos seus colegas em Estocolmo, de que o atleta tinha morrido por ter coberto o corpo com sebo, tapado os poros e impedido a transpiração", afirmou o coordenador do Fórum Olímpico.
Mas a morte de Lázaro, registada durante os Jogos Olímpicos de Estocolmo 1912, foi investigada por Carlos Cardoso e Luís Horta. "Não encontrei nada que falasse em substâncias dopantes quando analisei o relatório dos Jogos Olímpicos, que tem a parte médica. Não há qualquer referência a uso de estupefacientes, inclusive no relatório da autópsia", vinca Carlos Cardoso ao DN.
De acordo com o presidente da CDP, o médico que assistiu Lázaro no momento do desfalecimento referiu insolação como a causa. "Não encontrei dados que digam que o atleta não morreu de insolação. Sabemos que se hidratou, pois à passagem dos 30 km houve um escuteiro que lhe deu água. Mas estava um calor fora do normal. A prova começou às 13.48, o sol estava quase a pique e a temperatura era de 32 graus", salienta Carlos Cardoso.
Este dirigente lembra que Armando Cortesão, que representou Portugal no atletismo, disse que viu Lázaro a untar-se com sebo, mas que não soube onde é que o fundista foi buscar a substância que na altura era habitual usar-se para proteger do frio.
Certo foi o desfalecimento de Lázaro durante a corrida e morte quando já tinha sido transportado para um hospital. Enquanto competia, o atleta português começou a vacilar e caiu várias vezes. Foi assistido por um médico da organização que se encontrava no local, posteriormente por mais dois clínicos, que o tentaram reanimar.
O fundista português foi transportado para o hospital, "onde chegou inconsciente, sofrendo de cãibras e convulsões". Lázaro viria a falecer pouco depois das 17.00. Todos os sintomas apontam para insolação, "o relatório da autópsia nem sequer coloca a hipótese de ter sido doping", salienta Carlos Cardoso, que aborda este episódio no livro "100 Anos de Olimpismo em Portugal".
Diário de Noticias
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