Os investigadores da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ apresentaram no tribunal provas suficientemente fortes e graves para deixar em prisão preventiva o suspeito etarra
O secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) confirma que a organização terrorista basca ETA "tem necessariamente qualquer tipo de apoio em Portugal". Júlio Pereira coordena a actividade dos dois serviços "secretos" portugueses, o SIS (Serviço de Informações e Segurança) e o SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) e admite que a descoberta do arsenal de explosivos em Óbidos e a detenção, no aeroporto, de um dos dois alegados etarras que tinham escapado às autoridades nessa altura, justificam uma mudança de actuação. "Marcam uma nova realidade no nosso país e temos de nos adaptar a ela", declarou a DN.
Júlio Pereira não avança sobre que tipo de apoios se trata, mas algumas fontes policiais adiantam que não se está à espera de encontrar grandes bases logísticas, mas simplesmente algum apartamento ou quarto que tenha servido de casa de recuo para os dois elementos da "célula de Óbidos", Andoni Zengotitabengoa Fernandez e Oier Gomez Mielgo.
As autoridades acreditam que os dois bascos têm estado sempre em território nacional e no mesmo sítio, pois a sua deslocação podia ser um risco. Todas as forças de segurança têm os seus operacionais no terreno devidamente alertados para os perfis dos suspeitos. Foi essa informação, aliás, que permitiu ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras detectar e travar Andoni no aeroporto da Portela (ver caixa em cima).
Nesta altura todas as forças policiais e de informações estão convictas que o segundo alegado etarra ainda possa estar em Portugal e a sua localização foi uma das informações que a PJ pediu a Andoni, o qual não terá estado disposto a colaborar.
No início do ano, dias depois da detenção em Torre de Moncorvo do casal de alegados etarras, actualmente em prisão preventiva, o dirigente do SIRP refutara, também num comentário para o DN, a possibilidade de existir qualquer tipo de base da organização separatista basca em solo português. "Não podemos ir além dos factos concretos e nessa altura não havia factos concretos como há agora" para fundamentar essa realidade, justificou.
Para a PJ também a detenção de Andoni Fernandez, que ontem ficou também em prisão preventiva depois de interrogado no Tribunal Central de Investigação Criminal, pode representar uma 'nova realidade'. Os investigadores da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo acreditam que Andoni pode ser julgado pelos tribunais portugueses porque, ao contrário do que aconteceu com os outros dois de Moncorvo, a investigação neste caso reuniu elementos de prova suficientemente graves para sustentar um processo de suspeita de terrorismo em território nacional.
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira também 'adaptou' o seu discurso aos novos factos e não exclui a hipótese de a ETA ter uma força em Portugal. "Na acção das polícias, em estreita articulação com as autoridades judiciárias competentes, nunca se descarta qualquer hipótese. Trabalhamos sempre com todos os cenários possíveis para continuarmos atentos aos sinais e a investigar actividades que se desenrolem em território português", disse.
Diário de Noticias
Sem comentários:
Enviar um comentário