Seis acidentes, dois mortos, dois feridos graves e sete ligeiros são os números desta sexta-feira na A25, junto a Vouzela. Seguramente um dos mais negros desde que a auto-estrada abriu ao trânsito em Setembro de 2006.
O caso mais grave ocorreu de madrugada. Pouco passava das três horas, uma carrinha com sete operários, que regressavam em fim de semana de Málaga, Espanha, onde trabalham nas obras para o grupo Barmonta, SA, despistou-se perto de Vouzela. Adalberto Campos Costa, 57 anos, e Ângelo Fernando Queirós, 42, foram projectados mais de 30 metros e sofreram morte imediata.
Ao Hospital de S. Teotónio , em Viseu, chegaram os restantes trabalhadores: Albino Leite, 28 anos (que continua internado com ferimentos graves); António Costa, 51, de Barcelos; Agostinho Martins, 35, de Vila do Conde; Carlos Alves, 37 , de Ribeirão, e Ramiro Silva, 37 anos, estes últimos com ferimentos ligeiros.
O despiste do veículo, uma carrinha de nove lugares que circulava no sentido Viseu/Aveiro, ocorreu ao quilómetro 51,8 da A25, num momento em que, segundo uma fonte da Brigada de Trânsito da GNR de Viseu, caía "chuva miudinha", havia algum nevoeiro e o piso estava escorregadio.
"O condutor perdeu o controlo do veículo em cima de uma curva, ligeiramente inclinada para a direita, num momento em que chovia. Depois capotou várias vezes, ao longo de mais de 60 metros, até se imobilizar junto à barreira da estrada", explicou Paulo Teixeira, 2º comandante dos Bombeiros de Vouzela.
A mesma fonte acrescentou que dois dos sete ocupantes foram projectados numa distância superior a 30 metros. "Um deles, foi parar junto ao separador central da auto-estrada".
Paulo Teixeira lembra que desde que a A25 abriu totalmente, há quase três anos, já morreram cinco pessoas apenas na zona de Vouzela.
Os administradores da Barmonta, sediada em Aldreu, Barcelos, acorreram ao hospital e depois contactaram pessoalmente as várias famílias atingidas, disse o porta-voz David Silva. "Temos excelentes profissionais, com muito brio, honramo-nos muito deles e queremos dar todo o apoio nesta hora difícil. Apresentamos desde já as condolências, lamentamos o sucedido e vamos apurar as causas", adiantou.
Agostinho Martins, que sobreviveu ao despiste com alguns ferimentos ligeiros nos braços, regressou ontem a casa, em Arcos, Vila do Conde, em estado de choque. "Ainda não disse nada. Só diz que não quer falar no assunto, mas garante que não adormeceram. Está a tremer desde que chegou", explicou a sogra.
Segundo a mesma fonte, o genro, que trabalha na construção civil em Espanha há cerca de três anos, tinha ligado a avisar que vinha passar o fim de semana a casa e chegaria ontem de madrugada. "Tinham saído de Málaga no fim do trabalho e vinham para casa. Ele tinha vindo a conduzir e tinham parado há pouco tempo para trocar de condutor. Diz que vinham todos a conversar", relatou ainda a sogra de Agostinho.
Adalberto Costa, também de Vila do Conde, teve menos sorte. Morreu no acidente. "Disseram-nos que poderá ter sido da chuva e que havia óleo na estrada", conta a sobrinha Sílvia Alves.
Em Gueifães, a morte de Ângelo Queirós deixou também a terra de luto. O operário, que todos os meses vinha ver a família, deixou órfãs três filhas, de 3, 10 e 14 anos.
Com o acidente de ontem o número de mortos na A25 sobe para quatro este ano (dois no distrito de Viseu, um em Aveiro e outro na Guarda). No ano passado, no mesmo período, a GNR registou dois mortos (um em Aveiro e um segundo em Viseu) na auto-estrada que liga Aveiro a Vilar Formoso.
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