Mais cedo ou mais tarde, apesar das dificuldades, serão recolhidos do mar destroços que ninguém duvida serem do Airbus acidentado.
Difícil mesmo será recuperar as caixas negras, essenciais para saber o que aconteceu.
Lá do alto, ainda por cima com uma reforçada dotação de meios, as equipas de busca vão detectando objectos que, sem dúvidas para lá daquelas a que obriga o rigor metodológico, permitem ter uma ideia da zona onde desapareceu o A 330 da Air France, na noite de domingo. À superfície do oceano, porém, tudo é diferente. Três navios mercantes, um francês e dois holandeses, foram os primeiros a chegar ao local, seguindo-se o "Grajaú", da Marinha brasileira, mas é muito complicado recolher objectos que estão sujeitos a ventos, a marés e a correntes marítimas.
Uma mancha de combustível, longa de 20 quilómetros, foi detectada. Uma peça circular, com sete metros de diâmetro, foi avistada, entre muitos outros fragmentos. Nenhum corpo. Embora a recolha de eventuais sobreviventes ou de cadáveres encabece o rol de tarefas das equipas de busca e salvamento, a esperança é quase nula. E a caminho daquela zona do Atlântico vão já os meios necessários para a fase seguinte, a de tentar recuperar os registadores de voo, vulgo "caixas negras", tarefa que, embora tecnicamente exequível, esbarra numa vasta série de imponderáveis. Não é de afastar, portanto, a possibilidade de não vir a saber-se em que circunstâncias ou por que motivos o avião caiu.
A primeira prioridade é detectar o sinal que as caixas negras estão preparadas para emitir ao longo de 30 dias (ULB - "Underwater Locator Beacon" - feixe de localização subaquática), para que possa ser restringida a área de busca, a efectuar com recurso a submarinos, tripulados ou telecomandados, capazes de descer a grandes profundidades. Só que as profundezas, na zona em causa, não são - passe a expressão - cooperantes: o fundo do mar é altamente irregular ("é uma paisagem muito perturbada, muito caótica", diz Pierre Cochonat, especialista francês citado pela France-Presse, aludindo à proximidade da cordilheira meso-atlântica) e as correntes podem ter afastado os aparelhos, tanto do local como um do outro (lembre-se que uma das caixas grava todos os dados relativos ao voo, enquanto a outra regista todas as comunicações).
O importante, para quem gere as equipas de busca (ver infografia), será, captando o dito sinal (serão enviadas sondas para facilitar o processo), reduzir substancialmente o perímetro de busca e, então, descer ao fundo do mar. "Essa fase condiciona tudo. Se não captarmos o sinal, está fora de questão usar um submersível para rastrear milhares de quilómetros quadrados", esclareceu Cochonat.
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