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Radio Viseu Cidade Viriato

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"Foi por sorte ou há outra explicação?"...


"Foi por sorte ou há outra explicação?". Rita Passos é hospedeira na Air France e estava na escala de substituições do avião que caiu no domingo com 228 pessoas a bordo. "Agora, passa-me tudo pela cabeça".


Esteve a uma distância assustadora da calamidade: "Eu estava de reserva... Isso quer dizer que podia ser chamada para qualquer voo em caso de falta de um elemento da tripulação... Mas não fui". Rita Passos, 25 anos, hospedeira da companhia francesa Air France desde 2005, não sabe ainda hoje o que a protegeu.


"Por sorte, no mesmo dia em que houve a tragédia, fui chamada para integrar a tripulação de um voo com destino à República Dominicana", diz Rita Passos, via telefone, desde Santo Domingo. "Embarcamos ao meio-dia [de 1 de Junho] e pouco se sabia ainda do que tinha acontecido ao AF447. Para nós, tripulação, a explicação era lógica: tinha aterrado noutro aeroporto qualquer".


A hospedeira está desde essa altura na capital da República Dominicana. "São dias de muita angústia", revela. "Vem-nos tudo à cabeça depois de uma tragédia destas, em que morrem pessoas que conhecemos. Conhecia a chefe de cabina, fiz vários voos com ela, foi um choque muito grande quando soubemos disto". A parte mais difícil, confessava ontem a portuguesa, "vai ser o embarque, amanhã [hoje], com destino a Paris - o voo chegará à capital francesa às 11.30 horas, a tempo de a tripulação participar numa cerimónia pelas vítimas. "Quanto mais se aproxima a hora de embarque, mais o coração aperta", confessava Rita horas antes de embarcar.


Rita Passos não deixa de sentir que alguma coisa a salvou. "Como falo português, seria muito normal ser escalada". O seu voo foi feito debaixo de tormento. "Sabíamos que o avião não tinha pousado no aeroporto Charles de Gaulle, mas julgávamos que teria aterrado noutro. Fizemos a viagem no escuro".


Rita Passos nasceu em Guimarães, há 25 anos, mas reside em França desde 1999. Há quatro anos que trabalha como hospedeira na Air France. "Depois de uma desgraça assim, ficamos sempre a pensar na profissão que temos. Nestes dias, tenho pensado muito nisso. Tenho pensado que por alguma sorte - ou outra explicação qualquer - não fui naquele voo. Preciso de fazer uma viagem para afastar este nó que agora tenho no meu estômago".



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