A comunidade russa de Braga manifestou-se, este domingo, publicamente a favor da família de acolhimento da Alexandra, pedindo o seu regresso a Portugal.
Em declarações aos jornalistas, uma das imigrantes presentes, Nadia Yuzinkevyhc, disse que "o melhor que a mãe, Natália Zarubina, podia fazer era entregar, de novo, a menina à família, já que não tem condições para a acolher e lhe dar uma educação decente".
A manifestação, que decorreu na Arcada, no centro da cidade, juntou cerca de uma centena de pessoas de origem russa, ucraniana e portuguesa, com cartazes protestando contra a decisão do Tribunal da Relação de Guimarães de entregar a criança à mãe biológica.
No começo da concentração, um imigrante russo, médico de profissão, fez questão de queimar publicamente o passaporte da Rússia, dizendo "ter vergonha de ser russo" e acusando as autoridades da Rússia de terem contribuído para a provável desgraça futura da criança e de "nada fazerem para a ajudar".
Para Nadia Yuzinkevyhc, que se encontrava ladeada de outras cidadãs russas, a mãe não tem condições para educar a filha: "a casa não tem condições para viver, e a menina não tem cama".
"Eu tenho um café e ela vinha sempre pedir cerveja ou mesmo uma garrafa de brandy, nunca tendo pedido um rebuçado ou uma chiclete para a filha", afirmou.
Disse que Natália Zarubina passava mais de seis meses sem se querer inteirar do estado da menina - entregue desde os 17 meses à família de Barcelos - ,acusando-a de "nem sequer lhe ter ensinado a falar russo, como sucede com a maioria das famílias russas que ensinam a língua aos filhos no estrangeiro".
Afirmou que a ex-imigrante em Portugal "vai acabar por vender a menina a alguém na Rússia", e disse temer pelo futuro da Alexandra, já que, "com esta mãe, vai aprender a andar de garrafa na mão e ver a mãe sair para fazer sexo".
A manifestação contou, ainda, com a presença do casal que acolheu a criança, tendo a mãe de acolhimento, Florinda Pinheiro, dito aos jornalistas que ainda tem esperança de que a menina volte para Portugal, "onde tem todo o carinho e amor e onde estava integrada no ensino, com bons resultados".
No local, algumas cidadãs portuguesas, mães de crianças do infantário que a Alexandra frequentava em Braga, anunciaram a realização, sexta-feira à noite, de uma vigília com as crianças do estabelecimento, "para que a menina regresse a Portugal".
Alexandra, de seis anos e filha de uma imigrante russa, estava à guarda de uma família de Barcelos, em Portugal, há quatro anos, mas uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães determinou a sua entrega à mãe. O pai, ucraniano, vive actualmente em Espanha.
Na semana passada, a criança, que fala apenas português, passou a viver com a mãe e a avó numa cidade russa, a 350 quilómetros de Moscovo.
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