"Xaninha, os teus amigos esperam-te". Esta era uma das frases que os colegas de Alexandra mostravam num grande pano e que serviu de mote à vigília desta sexta-feira.
Mais ao lado, outro grupo segurava uma tarja que dizia: "Que esta luz ilumine o teu caminho de volta", referindo-se às centenas de velas empunhadas pelos presentes e que deram alguma cor e calor a uma noite fria.
Carla Cardoso pertence à Associação de Pais da escola básica e jardim-de-infância de Encourados e recorda as dificuldades dos primeiros dias depois da menina ter ido para a Rússia: "as crianças andaram tristes; houve quem não comesse e dormisse direito porque viam as imagens na televisão e ficavam mais magoados". A esta distância, ainda assim, as perguntas continuam: "querem saber porque é que nunca mais volta, porque é que está com a mãe que lhe bate e pedem para vê-la. Nós tentamos explicar da forma que melhor sabemos o que se está a passar até para os acalmar".
A educadora que durante quatro anos conviveu diariamente com Alexandra, e uma das promotoras da vigília marcou também presença. Ana Taveira, para além de recordar a vivência escolar da menina referiu "a tristeza que os colegas sentem quando vêem a Xana na televisão e vêem aquilo que lhe andam a fazer".
A comunidade de leste e não só que marcou presença no Campo da Vinha levantou a sua voz contra as declarações do pai biológico surgidas na comunicação social de ontem. Francisco de Sousa, um brasileiro que tem como esposa uma cidadã russa, conviveu de perto com o ucraniano e contou ontem um episódio passado em Braga: "houve um grupo de imigrantes de leste que lhe ofereceu comida para dar a Alexandra e ele comeu-a toda. Quando se soube, os mesmos imigrantes deram-lhe uma tareia".
Acreditam que o pai recebeu dinheiro para dizer o que disse, revelando que ele deu 20 euros a Alexandra quando ela embarcou para a Rússia. Passava a vida a dizer que se tivesse 20 euros já se contentava". A verdade é que a vigília de ontem, que se pretendia silenciosa e de poucas palavras, teve como ponto alto os cerca de 20 minutos de total silêncio.
Florinda Pinheiro, a mãe adoptiva, marcou também presença, juntamente com o marido e manifestou a sua preocupação por estar "há quatro dias sem conseguir falar com Natália e com a menina porque ninguém atende o telefone ou porque este está desligado".
Cerca de 200 pessoas juntaram-se, ontem à noite, numa vigília de solidariedade para com Alexandra, a menina russa entregue à mãe biológica. Aos colegas que andaram na mesma sala de Alexandra, juntaram-se professores, pais e imigrantes de leste.
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