O presidente da República garante nunca ter escondido que da sua carteira de acções faziam parte títulos da SLN. Nega, ainda, ter ganho dinheiro com o BPN e diz estar a perder muito com as poupanças que guardou nos bancos.
"Recentemente foi noticiado que eu tinha tentado esconder que da minha carteira de títulos e da minha mulher faziam parte acções da SLN (Sociedade Lusa de Negócios). Não é verdade. E se eu digo que não é verdade é porque estou perfeitamente seguro que o posso dizer", afirmou Cavaco Silva, ontem à tarde, em declarações aos jornalistas, no final da entrega de Prémios Cotec.
Seguro dos seus investimentos, o chefe de Estado esclareceu ainda que as suas poupanças não eram guardadas debaixo do colchão, e muito menos no estrangeiro, e por isso foram entregues a quatro bancos, incluindo o BPN. "Esperávamos que eles as gerissem bem e conseguissem um bom rendimento, infelizmente estamos a perder muito dinheiro", afirmou o presidente, acrescentando que boa parte dessas poupanças estão desaparecidas.
Cavaco remeteu ainda para um comunicado emitido em Novembro do ano passado, altura em que o banco foi nacionalizado, em que esclarecia todas as aplicações feitas pelos bancos gestores, que fizeram aplicações em acções de diversas entidades, incluindo da SLN. "No meu comunicado consta mesmo o preço a que as acções da SLN foram compradas e o preço a que foram vendidas", afirmou o presidente.
Para finalizar a sua declaração, Cavaco Silva frisou: "Sou muito escrupuloso no cumprimento da lei e por isso declaro tudo".
A reacção do governante surgiu na sequência de algumas notícias que deram conta que Cavaco Silva e a filha foram accionistas da SLN, detentora do BPN, entre 2001 e 2003, altura que ainda não era presidente da República. Com a venda das acções, o presidente terá tido um ganho de 147,5 mil euros, e a sua filha Patrícia terá lucrado 209,4 mil euros.
Dias Loureiro invoca direito ao bom-nome
Dias Loureiro, antigo administrador da SLN, que detinha o BPN, invocou o direito ao bom-nome quando pediu ao procurador-geral da República para ser ouvido no inquérito criminal ao caso BPN.
"Não sei que lei poderei invocar para fundamentar o pedido que venho fazer. Sei, no entanto, que todo o cidadão tem direito ao bom-nome", escreve Dias Loureiro na carta que enviou a Pinto Monteiro e que a agência Lusa teve acesso. A carta, com o despacho do PGR, foi enviada terça-feira ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DCIAP), responsável pela investigação do processo BPN. Ontem, a coordenadora do DCIAP, Cândida Almeida, já confirmou que Dias Loureiro será ouvido o mais brevemente possível. Na missiva, Loureiro afirma estar cansado de ser alvo de "malévolas insinuações durante quase sete meses".
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