Um responsável do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras lançou esta quinta-feira um alerta relativo ao aumento das pressões da imigração ilegal e das redes mafiosas, aquando do lançamento das grandes obras públicas.
O alerta foi lançado durante o I Seminário de Segurança Interna, que decorreu em Torres Vedras e foi organizado pela revista Segurança e Defesa, numa iniciativa que abordou a criminalidade e os resultados do Relatório de Segurança Interna de 2008.
O responsável do SEF para o Algarve, inspector superior José Van der Keller, falava no painel a "Transnacionalidade do Crime", moderado por Figueiredo Lopes, e foi nesse âmbito que chamou à colação a ameaça que paira sobre o nosso país por parte das organizações mafiosas que controlam a imigração ilegal.
"Actualmente assiste-se a uma inflexão dos fluxos migratórios", devido à crise económica, que reduz o mercado de trabalho, apontou Van der Keller, mas logo que sejam lançadas as grandes obras públicas, como o TGV, o novo aeroporto de Lisboa e a nova ponte sobre o Tejo, o mercado de trabalho vai voltar a abrir e pode haver uma maior pressão das redes mafiosas de leste para "o fornecimento de mão-de-obra barata", uma ameaça que Portugal tem que encarar.
Para Van der Keller, responsável pela operação "Turfa", que recentemente levou ao desmantelamento de uma rede designada "Odessa", que tinha base na Ucrânia e operava em vários Estados europeus, salientou também os riscos de começarem a chegar ao nosso país radicais islâmicos, a partir do Norte de África - uma questão sempre associada ao terrorismo. "E é essencial que se afaste a ideia de que o desmantelamento corresponde ao fim de uma rede, é preciso conseguir que as vítimas se transformem em testemunhas, sem o que todo o processo pode ruir", salientou.
Aquele responsável do SEF salientou também a necessidade de Portugal estreitar ainda mais os laços com a Guiné-Bissau e Cabo Verde, Estados que podem ser utilizados pelas redes nigerianas que controlam o tráfico de seres humanos virado para a prostituição, assim como outros crimes, como a falsificação de cartões.
A África Ocidental e Central foi também uma das preocupações no seminário, desta feita no tráfico de droga, expressas pelo novo número dois da Unidade Nacional de Combater ao Tráfico de Estupefaciantes da PJ, coordenador superior Joaquim Pereira.
O investigador, que estava antes colocado na Europol, destacou a cada vez maior influência que os narcotraficantes da América Latina e do Sul estão a ter na região, com destino à Europa, passando por Portugal e Espanha.
A ameaça já não passa apenas pela cocaína e pelo haxixe a partir do Norte de África. "Foram identificadas também nessas regiões novas rotas de droga, desta feita para a heroína". O ministro da Administração Interna encerrou os trabalhos.
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