Uma bactéria que pode matar foi detectada na comida em lares de idosos e em cantinas hospitalares. E as refeições escolares servidas em seis concelhos não convenceram os técnicos. Eis dois estudos do último dia do I Congresso de Saúde Pública
"A alimentação escolar será segura?" A resposta não sossegará decerto muitos pais, mas poderá servir de alerta. Um estudo levado realizado em 264 amostras, na rede pré-escolar e em escolas do primeiro ciclo do ensino básico de seis autarquias da Grande Lisboa - exceptuando esse concelho - revela que só 41% das refeições foram consideradas satisfatórias, em termos de saúde.
O departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSA) Ricardo Jorge procurou micro-organismos patogénicos nos almoços das crianças, entre os três e os dez anos, e concluiu que 23% - quase 1/4 das mesmas - não preenchiam os requisitos: não satisfaziam.
Ao falar no I Congresso de Saúde Pública - que ontem terminou na Fundação Gulbenkian, em Lisboa -, Nuno Rosa adiantou que 60% dos menús escolares sãocompostos em exclusivo por produtos cozinhados e somente 4% constituídos por ingredientes crús - saladas e fruta.
Da reduzida quantidade de alimentos "verdes" apenas 10% tinha uma qualidade sanitária satisfatória. O perigo dos agentes invasivos nos ingredientes crús, foi um dos apsectos sublinhados, de manhã, por Isabel Santos.
A perita do Laboratório de Microbiologia dos Alimentos, também do INSA, anunciou à plateia a detecção da bactéria "listeria monicytogenes" - responsável pela doença infecciosa: listeria - em 101 amostras alimentares em cantinas públicas de escolas, hospitais e lares da terceira idade.
A técnica admitiu que o consumo cada vez mais frequente de legumes frescos - conservados através de sistemas de refrigeração - poderá estar na origem do aparecimento da bactéria.
Um agente patogénico que pode ser mortal para doentes crónicos e recém-nascidos - a taxa de mortalidade é de 25% - e se aloja-se, sobretudo, em vegetais em decomposição, na carne de porco e de vaca, salames, patés de frango e de peru.
Alerta deixou por sua vez, Jorge Torgal, director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical - contra o consumo de depuralina, "uma substância nociva ao organismo", mas que por ser muito publicitada "vende milhões".
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